Paris (EFE) – O presidente francês, Jacques Chirac, fez ontem um chamado à "responsabilidade, respeito e comedimento para evitar tudo o que pode ferir as convicções" alheias, em meio à polêmica criada pela publicação de caricaturas de Maomé em vários países europeus, incluindo a França. A França, país laico, "respeita todas as religiões e todas as crenças", disse o chefe de Estado francês em um encontro com o reitor da Grande Mesquita de Paris, Dalil Boubakeur, segundo o Palácio do Palácio do Eliseu. Ao mesmo tempo, Chirac lembrou que "o princípio da liberdade de expressão constitui um dos fundamentos da República".

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As primeiras declarações de Chirac sobre as caricaturas desde que a polêmica chegou à França com a reprodução dos desenhos do profeta pelo jornal France-Soir há três dias ocorrem quando a irritação existente desde setembro em países muçulmanos dá lugar a atos mais violentos. (veja quadro) Foi em setembro que um jornal dinamarquês provocou a série de doze charges, uma delas mostrando o profeta Maomé com uma bomba no turbante.

Mas nem todo o governo pensa com Chirac, que acha legítima a reação dos islâmicos contra seus preceitos. O ministro francês de Exteriores, Philippe Douste-Blazy, considerou "inaceitável" a queima de bandeiras ocidentais em países muçulmanos.

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No Reino Unido, o ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw, classificou ontem de "equivocada" a decisão de alguns jornais europeus de reproduzir as polêmicas caricaturas do profeta Maomé, e elogiou a imprensa do Reino Unidos que se absteve de fazê-lo. "A publicação dessas charges é desnecessária, desrespeitosa e insensível", declarou Straw. O ministro italiano do Interior, Giuseppe Pisanu, disse ontem que os símbolos religiosos devem ser respeitados e não podem ser objeto de "sarcasmo, sátira e escárnio".

Os Estados Unidos também condenaram as charges do profeta Maomé que foram publicadas em jornais europeus e estão causando manifestações furiosas no mundo muçulmano. "Essas charges são mesmo ofensivas às crenças dos muçulmanos", disse o porta-voz do Departamento de Estado Kurtis Cooper.