Países da Europa que controlaram seus surtos de coronavírus agora assistem ao aumento preocupante nos casos, ao mesmo tempo que autoridades de saúde alertam que o comportamento da população, que relaxou em medidas essenciais como o uso de máscara, por exemplo, coloca o continente em uma trajetória perigosa.
A curva de casos em vários países se mostrou estável por várias semanas, o que trouxe à população um senso de normalidade, dizem especialistas. No entanto, afirmavam os virologistas, uma reabertura bem-sucedida dependia de iniciativas dos cidadãos, que deveriam permanecer vigilantes, com o uso de proteção facial e mantendo a distância. Isso não tem ocorrido com tanta frequência e o que se vê no verão europeu são aglomerações em praias, bares e festas.
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou na segunda-feira que a pandemia continua a acelerar, com o número de casos em todo o mundo dobrando nas últimas seis semanas, quase seis meses após a entidade declarar "emergência de saúde pública internacional". No mundo, até agora, há 16,7 milhões de casos, com 661 mil mortes - na Europa, são 2,8 milhões de notificações, com 202 mil óbitos.
Autoridades de saúde alemãs detectaram um aumento de infecções nas últimas duas semanas. "As pessoas estão sendo infectadas em todos os lugares", disse ontem Ute Rexroth, chefe de vigilância do Instituto Robert Koch, na Alemanha. "Casamentos, reuniões com amigos. Estamos preocupados que isso possa ser uma mudança de tendência."
O número de novos casos na Alemanha tem sido o maior desde que as medidas restritivas começaram a ser relaxadas. A diferença, explica o governo, é que agora as novas infecções não estão mais confinadas a matadouros ou asilos. "O coronavírus está voltando com toda a força", alertou o primeiro-ministro da Baviera, Markus Suder, segundo o site de notícias alemão Merkur. O país registrou até agora mais de 207 mil casos - 129 mil são novas notificações - e 9,2 mil mortes pela covid-19.
Espanha
Na Espanha, as regiões de Aragão, Catalunha e Navarra, essencialmente turísticas, surgiram como vetores do novo coronavírus. Na segunda-feira, o país informou que tinha registrado 855 novos contágios em 24 horas, mais da metade (474) em Aragão.
O ministro da Saúde, Salvador Illa, atribuiu as novas infecções a trabalhadores rurais sazonais, a pessoas que participam de encontros familiares e frequentam boates. Com o aumento de casos Alemanha e Reino Unido decidiram impor restrições aos viajantes.
Em nota publicada em seu site, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse que, embora "o número de infecções tenha caído" na Espanha, "atualmente existem novos focos regionais de infecções" nessas três regiões. O Reino Unido havia tomado medida mais drástica na segunda-feira (27), exigindo quarentena de todos os viajantes procedentes da Espanha.
Em plena temporada turística, o governo espanhol reagiu. O primeiro-ministro Pedro Sánchez afirmou que é um "erro" o Reino Unido ter considerado a taxa geral de coronavírus espanhola em vez de usar uma abordagem regional. Para Sánchez, lugares como as Ilhas Baleares e Canárias e a Andaluzia, que dependem muito do turismo britânico, são destinos seguros, "até mais do que o Reino Unido".
A decisão de Londres pegou de surpresa, no domingo, milhares de britânicos que estavam de férias na Espanha. Em 2019, cerca de 18 milhões passaram por lá. O turismo representa 12% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol e 13% dos empregos, segundo o escritório de estatísticas INE com base em dados de 2018. A Espanha perdeu 1 milhão de empregos entre abril e junho, o maior declínio trimestral de sua história.
Já a França ordenou nesta terça (28) toque de recolher noturno para praias no resort de Quiberon, na costa atlântica. O primeiro caso surgiu na semana passada e ontem já eram 54.
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