O debate sobre o uso do véu islâmico ganhou força nos últimos dias na Europa. Na sexta-feira, o governo francês confirmou que um projeto proibindo a burca está praticamente pronto. O projeto de lei prevê multa de 150 euros (cerca de R$ 343) para as mulheres que saírem inteiramente cobertas nas ruas. A maior punição, no entanto, será para quem obrigar uma mulher a usar a vestimenta: um ano de prisão e multa de 15 mil euros (cerca de R$ 34,3 mil).
Na Bélgica, o uso de véus islâmicos está com os dias contados. Na quinta-feira, os deputados belgas aprovaram por unanimidade projeto que impede qualquer pessoa de usar a vestimenta. O texto, que ainda será apreciado pelos senadores, prevê punição com multa e pena de prisão de um a sete dias para quem se "apresentar em espaço público com o rosto mascarado ou escondido, totalmente ou em parte". As exceções estão limitadas a acontecimentos festivos como o carnaval, desde que autorizadas com antecedência.
O cerco às vestimentas usadas por mulheres muçulmanas na Bélgica não é de agora. Há um ano e meio, as mulheres que usam o véu islâmico integral, caracterizado pela burca, vêm sendo multadas pela polícia. Em 2009 foram registradas 29 multas na região de Bruxelas pelo uso da burca em local público.
O véu integral é uma "prisão móvel" que remonta a uma "prática medieval", estimou o liberal flamengo Bart Somers. "É a manifestação mais visível de outras afrontas aos direitos humanos", completou o colega democrata-cristão Georges Dallemagne.
A burca também recebe um bombardeio de políticos italianos. A coalizão Liga Norte, aliada do premier Silvio Berlusconi, apresentou em outubro do ano passado uma proposta de lei que penaliza o uso do véu muçulmano integral em qualquer parte da Itália. O projeto determina punição de dois anos de prisão e multa de 2 mil euros (cerca de R$ 5,2 mil).
A ofensiva de belgas, franceses e italianos contra o véu islâmico tem enfrentado resistência não só de muçulmanos. "A diversidade na Europa deve estar protegida contra os reflexos islamófobos. A burca não deve ser proibida", escreveu o comissário de Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammarberg, em seu site.
Para a vice-presidente do Executivo dos Muçulmanos na Bélgica, Isabelle Praile, a proibição do véu islâmico "vai contra as liberdades fundamentais".