As novas propostas européias de sanção ao programa nuclear do Irã, elaboradas para contornar as objeções feitas pela Rússia, prevêem restrições mais brandas a serem impostas sobre os bens e a tecnologia que o país islâmico poderá vender e comprar, disseram diplomatas.
Há meses, os membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) discutem as sanções.
Os americanos e europeus - britânicos, franceses e alemães - que elaboraram o documento desejam que os 15 países-membros do Conselho de Segurança imponham sanções sobre os programas nuclear e de mísseis balísticos do Irã depois de o país ter se recusado a suspender seus esforços de enriquecimento de urânio.
Uma resolução do órgão aprovada em 31 de agosto exigia essa suspensão.
Mas a Rússia, com o apoio da China, vetou quase metade do texto original a respeito das sanções. Entretanto, na sexta-feira a Rússia afirmou que está pronta para apoiar algumas das sanções.
Potências ocidentais acreditam que o programa de enriquecimento de urânio do Irã esconde esforços para o desenvolvimento de bombas nucleares. O governo iraniano afirma que seu programa visa apenas à produção de eletricidade.
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, reuniu-se, na sexta-feira, com os ministros das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, da Itália e da Alemanha e com Javier Solana, chefe da área de política externa da União Européia (UE), para discutir a questão iraniana e outros assuntos.
As reuniões aconteceram durante uma conferência realizada em um resort localizado à beira do mar Morto, na Jordânia.
Não foram divulgados detalhes sobre os encontros, mas Condoleezza deu indícios de que a paciência dela estava se esgotando.
- Sou a favor de que nos mantenhamos unidos, mas também sou a favor de que partamos para a ação - disse a secretária a repórteres.
Questionada sobre se achava que a Rússia concordaria com uma resolução prevendo sanções contra o Irã, Solana afirmou que ''progressos'' estavam sendo realizados. A autoridade, porém, não quis fazer mais comentários sobre o assunto.
Um diplomata familiarizado com o projeto de resolução elaborado pelos europeus disse que os equipamentos mais sujeitos a serem utilizados para a fabricação de uma bomba nuclear seriam proibidos. O diplomata, que não quis ter sua identidade revelada, deu essas declarações na quinta-feira.
O projeto original da Europa exigia dos países do mundo que não fornecessem equipamentos, tecnologia e créditos que pudessem ser utilizados nos programas nuclear e de mísseis balísticos do Irã.
O texto apresentava uma longa lista de itens relacionados com o setor, entre os quais equipamentos e tecnologia de uso variado. A lista foi elaborada pelo Grupo do Regime de Controle da Tecnologia Nuclear e de Fornecedores Nucleares.