Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, negocia saída da UE | Foto: EMMANUEL DUNAND/AFP| Foto:

Líderes da União Europeia reunidos em Bruxelas aprovaram, nesta quinta (21), o adiamento do desligamento britânico do bloco para 22 de maio, véspera do início das eleições para o Parlamento Europeu.

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A proposta da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, porém, era de que o Brexit, até aqui programado para 29 de março, fosse postergado para 30 de junho.

Os deputados usariam o tempo extra para passar leis que evitariam que o país caísse em um limbo jurídico pós-separação da UE (normas para agricultura, pesca, imigração e serviços financeiros, entre outras).

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O Conselho Europeu, que reúne presidentes e/ou primeiros-ministros do continente, voltou a afirmar que a prorrogação da filiação britânica à UE está sujeita à aprovação do acordo de divórcio pelo Parlamento em Londres até o próximo dia 29. O Legislativo já disse duas vezes não ao texto, negociado durante um ano e meio.

Dor de cabeça para a UE

A percepção entre líderes europeus era a de que estender o prazo até o fim de junho, conforme pedido por May, traria incerteza institucional e jurídica à votação que acontece em maio.

Como ainda seria membro do bloco nesse momento, o Reino Unido em tese precisaria organizar uma seção do pleito em seu território, mesmo que a nova legislatura só assuma em julho – quando, segundo o cronograma submetido por Londres, o país já estaria fora do grupo.

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É nesse ponto que entra uma cláusula importante da contraproposta europeia. Se o pacto não for ratificado pelos deputados britânicos até 29 de março, o governo terá até 12 de abril para reverter essa situação ou apresentar ao conselho um novo plano de trabalho.

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Havendo nesse roteiro 2.0 uma disposição de Londres em participar das eleições europeias, a UE poderia conceder uma segunda prorrogação da data-limite para o Brexit – possivelmente, de vários meses. Não havendo, o Dia D da despedida do Reino Unido passaria a ser o próprio 12 de abril.

Repercussão

Na chegada à cúpula, os líderes não disfarçavam sua exasperação. O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que um terceiro voto contrário ao acordo na Câmara dos Comuns "conduziria todos a um 'no deal' [saída brusca da UE, sem período de transição]".

A chanceler alemã, Angela Merkel, repetiu que trabalharia até o último minuto para garantir um brexit ordenado, pactuado. Mas ponderou: "Nossa margem de manobra é limitada".

Mais cedo, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, havia dito que sempre se soube que a separação "não seria asséptica [...] exigiria do Reino Unido escolhas muito difíceis". E acrescentara: "Não fomos nós que criamos esse problema".

Dor de cabeça para May

Na quarta (20), depois de anunciar que pediria à UE um prazo adicional de três meses para emplacar o acordo, May fez um pronunciamento em que responsabilizou os deputados pelo atraso no processo de desligamento britânico do bloco.

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"Até aqui, o Parlamento fez o que pôde para evitar ter de escolher", disse ela. "Tudo o que os legisladores se dispuseram a dizer é aquilo que não querem."

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O tom duro surpreende, sobretudo porque a primeira-ministra precisa atrair a simpatia de seus colegas deputados para a versão atual do pacto, que os europeus se recusam a alterar.

Em Bruxelas, May não disse a outros líderes europeus se tem um plano B para o caso de o documento ser rechaçado pela terceira vez.

Entretanto, ela tem insistido na ideia de que é imperativo entregar aos britânicos aquilo que a maioria sinalizou querer no plebiscito de 2016: o adeus à Europa. Isso foi interpretado como uma disposição em levar o Brexit adiante custe o que custar – com ou sem acordo.

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Na quinta, a confederação da indústria britânica e uma organização que reúne vários sindicatos de trabalhadores soltaram comunicado conjunto pedindo que May descartasse esse cenário. "O choque em nossa economia seria sentido por gerações", diz o texto, que sustenta que o Reino Unido vive hoje uma "emergência nacional".

Para evitar o "divórcio litigioso", em caso de continuação do impasse na Câmara dos Comuns, o governo poderia revogar o Brexit unilateralmente.

Uma porta-voz informou, porém, na noite de quinta, que May não tinha qualquer intenção de fazê-lo, apesar de uma petição em favor da medida ter colhido mais de 2 milhões de assinaturas no site do Parlamento.