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Dominique Strauss-Kahn (sem gravata), acusado de tentativa de estupro, é conduzido por policiais para audiência em tribunal de Nova York | Mike Segar/Reuters
Dominique Strauss-Kahn (sem gravata), acusado de tentativa de estupro, é conduzido por policiais para audiência em tribunal de Nova York| Foto: Mike Segar/Reuters

A primeira-ministra alemã, An­­gela Merkel, já mandou o recado: a prisão do francês Dominique Strauss-Kahn não significa o fim do monopólio europeu na direção-geral do Fundo Monetário In­­ternacional (FMI).

"Sabemos que os países em de­­senvolvimento têm uma reivindicação de assumir as presidências do FMI e do Banco Mun­­dial, mas no atual momento [de crise na zo­­na do euro], há boas razões para a Europa ter bons candidatos à disposição’’, afirmou.

Todos os dez presidentes do FMI, desde sua criação, em 1946, foram europeus.

Isso faz parte de uma espécie de divisão do mundo após a Se­­gunda Guerra Mundial. A Europa ficou com o FMI, os EUA, com o Banco Mundial.

"Seria preferível que nós [europeus] continuássemos com esse posto no futuro’’, disse Didier Reyn­­ders, ministro da Finanças da Bélgica, um dos poucos a querer falar sobre o assunto.

Por meio de uma porta-voz, a Comissão Europeia disse que o continente irá ter um candidato para suceder Strauss-Kahn.

A divisão entre Europa e EUA tem sido contestada por países como China, Brasil e Índia, que afirmam que ela não faz mais sentido.

Foi-se o tempo em que esses países eram apenas receptores de empréstimos do fundo. Hoje, são contribuintes, e é a Europa (Gré­­cia, Irlanda e agora Portugal) que necessita do dinheiro.

Já foram levantados os nomes de Christine Lagarde, ministra das Finanças da França, que, se eleita, seria a primeira mulher no cargo, e de Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico. Mas Brown não tem o apoio do atual primeiro-ministro, David Ca­­meron.

Preocupação

De fora do continente europeu, aparecem candidatos da Índia, Egito, África do Sul, Israel e Mé­­xico.

Para analistas, a principal preocupação é como ficam as negociações sobre a crise na Europa. Bessma Momani, professora da Universidade Waterloo (Canadá) especialista em assuntos do Fun­­do, diz que o francês teve um en­­volvimento pessoal nas discussões sobre a crise fiscal e que a saída dele pode ser prejudicial para alguns países. "A instituição vai con­­tinuar e, em algum momento, vai entrar um novo diretor-gerente que re­­cuperará a credibilidade da organização’’, diz Momani.

Já Morris Goldstein, que trabalhou no Fundo de 1987 a 1994 e hoje é analista do Peterson Insti­­tute, diz que, se Strauss-Kahn for considerado culpado, isso afetará a credibilidade do organismo, mas que ainda é cedo para avaliar.

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