Biografia
1919 No dia 7 de maio, nasce Eva Duarte na província de Buenos Aires.
1934 Evita inicia a carreira artística no rádio, teatro e cinema.
1944 Em janeiro, um terremoto atinge a cidade de San Juan. O então coronel Juan Perón, secretário do Trabalho, pede ajuda às vítimas. Eva Duarte participa na arrecadação de provisões. Os dois se conhecem e iniciam o relacionamento.
1945 Evita se casa com Perón. No mesmo ano, ela abandona a carreira artística para ingressar na política.
1946 O general Perón assume a Presidência da Argentina e Evita se torna primeira-dama.
1947 Eva Perón realiza viagens por países da América Latina, incluindo o Brasil. Inicia campanha pelo voto feminino na imprensa e no rádio. As mulheres adquirem direito político em setembro.
1948 Início dos trabalhos da Fundação de Ajuda Social Maria Eva Duarte de Perón, voltado para o assistencialismo social. Evita realiza a leitura da Declaração dos Direitos do Idoso, incluída na Constituição argentina no ano seguinte.
1949 Fundação do Partido Peronista Feminino, presidido pela primeira-pama.
1951 Evita recebe o convite para ser vice-presidente do marido, mas declina. Ela está com câncer de útero e não consegue manter a atuação política.
1952 Em 26 de julho, Eva Perón morre aos 33 anos, de câncer no útero. O corpo é embalsamado e exposto para o público.
1955 Juan Perón é deposto da Presidência por um golpe militar. O corpo da ex-primeira-dama é roubado e enterrado na Itália.
1971 O corpo de Evita é devolvido ao marido para, três anos depois, voltar a ser exposto em Buenos Aires. Em 1976, ela é finalmente enterrada no Cemitério da Recoleta.
Fonte: http://www.museoevita.org
Cinema
Filme reproduz biografia polêmica
Dirigido por Alan Parker, o musical Evita, de 1996, foi baseado na montagem da Broadway escrita por Andrew Lloyd Webber (Jesus Cristo Superstar). A obra, estrelada pela cantora Madonna e pelo ator Antonio Bandeiras, acompanha a escalada político-social de Eva Perón até se tornar primeira-dama.
A narrativa não suaviza as polêmicas envolvendo a personagem, que é retratada como manipuladora e instrumento de propaganda. O longa-metragem não foi um sucesso de bilheteria na época em que foi lançado. A trilha sonora ficou famosa pela canção "Dont Cry For Me Argentina".
Evita também foi tema de um filme argentino lançado no mesmo ano e que tinha a atriz Esther Goris no papel principal.
A morte de Evita Perón provocou uma profunda comoção na sociedade argentina na metade do século passado. O fato, que completa 60 anos no próximo dia 26, ainda é motivo de polêmica entre historiadores e especialistas. Para muitos, a primeira-dama foi uma liderança carismática, que defendia o direito das mulheres e dos trabalhadores. Para outros, no entanto, ela foi um instrumento político do governo, usado para manipular a população.
FOTOS: Veja fotos históricas de Eva Perón
Quando morreu, em 1952, Eva Perón foi embalsamada. O plano do viúvo, Juan Domingo Perón então presidente da Argentina , era construir um mausoléu e deixar o corpo dela em exposição. O golpe militar que o depôs do poder veio antes disso acontecer.
Poucas personalidades do século passado tiveram a mesma honra que Evita. Ao embalsamar o corpo da primeira-dama, Perón reafirmava a importância da mulher para seu governo e criava um mito que, ainda hoje, mora no imaginário argentino.
"Eva Perón teve muito clamor popular. Na época, chegou a ser considerada para o cargo de vice-presidente [declinado porque estava doente]. Era venerada por trabalhadores e contribuiu ativamente no governo do marido", diz Rachel Soihet, historiadora da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Pelas argentinas, Evita legalizou o voto feminino e criou uma divisão de mulheres do Movimento Nacional Justicialista, o partido peronista (ao qual a presidente Cristina Kirchner é filiada). Além disso, ela inaugurou escolas e incentivou através de entidades do governo o desenvolvimento da indústria argentina.
"Ela foi uma mulher extraordinária, que chegou muito antes do seu tempo. Morreu com apenas 33 anos e tinha muitos projetos em andamento", afirma Mário Gaspar Sacchi, professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Nascido na Argentina, Sacchi chegou a ver Evita de perto na década de 1940. Quando tinha sete anos (hoje tem 74), o pai o levou à estação ferroviária de Laboulaye, na província de Córdoba. Perón e a mulher faziam uma visita no local. "Lembro bem da beleza dela, com uma pele quase de porcelana. Tinha uma incandescência que ficou muito marcada na minha memória".
Propaganda
A figura de Evita também desperta muitas críticas de argentinos e especialistas. Maurício Natel, professor de direito internacional da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), afirma que a primeira-dama foi um instrumento de propaganda do governo.
Para o especialista, Perón aproveitou a tradição da América Latina de culto às personalidades para enaltecer a figura da mulher. "Ela era bonita, trabalhava com caridade e na defesa dos pobres. Isso reforçava uma imagem positiva para o próprio governo, que tinha tons autoritários", diz.
Não por acaso, depois da morte de Eva, o presidente perdeu força política e foi deposto em 1955. Ele voltou ao poder em 1973, mas morreu vítima de um enfarte no ano seguinte. Quem então assumiu o governo do país foi sua segunda mulher, Isabelita Perón que aproveitou a fama da ex do marido para se reafirmar.
"Isabelita chegou a deixar o corpo embalsamado de Evita em exposição para a população entre 1974 e 1976. Era um jeito de reafirmar a grandeza argentina através da memória dela", observa Natel.
Primeira-dama
A socióloga Neuma Aguiar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que o maior legado de Evita foi ter redefinido o papel de primeira-dama. "Ela encontrou uma saída política interessante, que foi atuar socialmente. Isso teve muita repercussão em toda a população argentina na época, e seu nome desperta emoções até hoje."
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