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aniversário de morte

Evita Perón: o mito que continua vivo 60 anos depois de sua morte

Evita Perón, venerada por milhões de pessoas, continua a ser um mito poderoso na Argentina, mesmo após 60 anos de sua morte prematura, alimentado por sua meteórica ascensão social até a chegada ao poder e sua luta em favor dos mais carentes, que serviu de inspiração para diversas obras, como óperas e filmes.

"Às 20h25 Eva Perón, líder espiritual da Nação, faleceu", anunciou em 26 de julho de 1952 uma voz lacônica. Evita tinha 33 anos.

Milhões de argentinos sentiram o sangue correr frio. Já outros, nos bairros ricos, comemoraram a morte "daquela mulher" que sempre recusaram nomear.

Um mito nasceu e estará sempre marcado na política argentina: hoje a presidente Cristina Kirchner cita regularmente palavras de Evita, sempre com uma imagem dela ao seu lado.

"O que conta é o que ela fez em cinco anos de vida política, um período tão intenso quanto breve, associado à ação social e ao sufrágio feminino", disse à AFP o historiador Felipe Pigna, autor da biografia "Fatias de vida", dos quais 30.000 cópias foram vendidas em menos de um mês.

"Há sua juventude, mas também sua aura de pureza, uma vez que nunca teve responsabilidades oficiais", argumenta.

Evita conheceu Juan Domingo Perón, que presidiu o país três vezes (1946-52, 1952-55, 1973-74), em 1944 durante um festival.

No ano seguinte, Perón fundou o movimento que governou a Argentina por mais de 30 anos, e que continua ainda hoje.

Eva Duarte já era uma famosa atriz de rádionovelas. Ela deixou sua cidade natal de Los Toldos aos 15 anos de idade, para escapar da pobreza, seguir sua vocação ou um amante, de acordo com diferentes versões de sua vida.

Uma viagem pela Europa em 1947 a impulsionou entre os grandes deste mundo e no coração da política.

Lançou, através de sua Fundação Evita, programas sociais abrangentes que melhoraram as vidas de milhões de pessoas, com a construção de 12 hospitais, asilos e mais de mil escolas.

Muitos argentinos lembram ter recebido sua primeira bicicleta das mãos de Evita.

"Vinda de uma família pobre, filha ilegítima, vítima de discriminação, encarnou o dom de si", disse à AFP Norberto Galasso, autor do recente "Evita militante".

"Eu nunca vou esquecer o que vivi nas ruas", sempre ela dizia.

Ela ria das críticas que recebia, porque abrigava os mais pobres na sede da sua fundação coberta de jóias e vestida por estilistas.

Excelente oradora na sacada da Casa Rosada (presidência), Evita conquistou em 1949 o voto para as mulheres e, após sua morte, tornou-se um mito comparável a Che Guevara.

Seu rosto, como o de Che em Havana, cobre duas fachadas do ministério da Ação Social no coração de Buenos Aires. De um lado, sorridente, do outro, orgulhosa e desafiadora, dirigindo-se a multidão.

Cristina Fernández de Kirchner colocou ao lado seu lado um modelo do ministério, por vezes, mostra um rosto de Evita, por vezes, o outro, durante suas aparições na televisão.

A ópera Evita na Broadway, o filme de Alan Parker com Madonna, o romance "Santa Evita" de Tomas Eloy Martinez: nenhuma criação é capaz de retratá-la completamente.

A verdade é mais estranha que a ficção, de fato. Para o seu funeral, milhões de pessoas passaram durante duas semanas por seu caixão.

Seu corpo embalsamado foi removido após a queda de Perón em 1955: os militares quiseram acabar com o mito. Ela foi enterrada em segredo em Milão (Itália), antes de ser devolvida a Perón em 1971 e encontrar a paz no cemitério de La Recoleta, Buenos Aires, apenas em 1976. Uma das muitas homenagens planejadas deve ser realizada na quinta-feira.

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