Empresa nega conflito
Rio de Janeiro - A construtora Queiroz Galvão negou ontem que esteja em conflito com o governo da Bolívia. Segundo a construtora, os problemas na construção da rodovia Tarija-Potosí foram causados pelo uso de cimento para a composição do pavimento, quando o correto seria ter usado asfalto, mais flexível.
A escolha do material teria sido feita pelo governo boliviano, considerando mais o baixo custo do que a adequação ao terreno arenoso e desértico da região, levando o pavimento a apresentar fissuras.
O advogado da construtora Queiroz Galvão, Alberto Sanz Sogayar, disse que três gerentes da Queiroz Galvão que trabalhavam na Bolívia estão no Rio de Janeiro para discutir o futuro das obras. A empresa nega, entretanto, que eles tenham fugido ou sido expulsos pelo governo boliviano.
Brasília - O presidente da Bolívia, Evo Morales, expulsou ontem a construtora brasileira Queiroz Galvão do país. O impasse entre o governo boliviano e a construtora sobre os reparos na rodovia Tarija-Potosí dura mais de um ano. A confirmação da expulsão foi divulgada na noite de ontem pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Apesar da crise da empresa brasileira no país vizinho, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém intacta a agenda para receber no dia 29, em Brasília, o ministro de Obras Públicas, Oscar Coca. Ele vem pedir um financiamento de US$ 230 milhões para a construção de uma rodovia que ligará La Paz ao norte do Brasil.
Nesta semana, o presidente boliviano, Evo Morales, rejeitou a demanda da empreiteira brasileira de aumentar em US$ 50 milhões o valor da obra de conserto de duas rodovias e negou-se a receber diretores da Queiroz Galvão para negociar um acordo definitivo de prestação de serviços. Fontes do governo brasileiro acreditam que o pedido de aumento deu à equipe de Evo o argumento de que precisava para cancelar os trabalhos da companhia.
Empréstimo
Evitando politizar as discussões em torno de contratos comerciais e dos problemas nas obras envolvendo a empresa brasileira, o governo Lula vai negociar o novo empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o ministro Oscar Coca dentro de um programa de compensação pelo combate ao cultivo da folha da coca. O ministro boliviano terá encontros com os colegas brasileiros da Fazenda, Guido Mantega, e dos Transportes, Alfredo Nascimento.
O presidente Evo também receberá em La Paz, nos dias 3 e 4, a missão chefiada pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, que vai oferecer reduções nas tarifas de importação de produtos têxteis bolivianos.
A oferta tem como objetivo compensar as perdas que a Bolívia acumulará por ter abandonado o programa de combate ao cultivo da coca. A decisão de La Paz levou os EUA a ameaçar retirar do país seu programa de preferências tarifárias.
A decisão do governo Evo de enfrentar a Queiroz Galvão coincide com o acirramento da crise política interna, causada pela polarização entre o governo e a oposição sobre o conteúdo da nova Constituição.
Está marcada para hoje a votação, no Congresso Nacional, da convocação de um referendo popular sobre a Carta.
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