| Foto: Andres StapfAFP

O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou no Twitter que decidiu revogar o novo Código Penal. Sem regras e prazos claros, a lei poderia ferir os direitos de ampla defesa e devido processo legal, além de permitir a perseguição religiosa. Desde a sua promulgação, em 15 de dezembro, o novo código desencadeou uma onda de protestos de vários setores da sociedade civil boliviana.

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Ao canal estatal El Pueblo es Noticia, Morales declarou que “levou em conta as propostas do povo”. No Twitter, o presidente escreveu que decidiu revogar a lei para “evitar confusões e que a direita deixe de conspirar” e que enviará uma carta para o Congresso boliviano nos próximos dias. Anunciou também que vai “escutar propostas de todos os setores” e que ainda deseja substituir o atual código penal do país, que remonta à ditadura de Hugo Banzer (1971-1978). A oposição comemorou a decisão. 

Cesar Cabrera Román, professor de Direito Constitucional da Universidade Maior de San Simón e ex-presidente do Colegio Nacional de Advogados de Bolívia (Conalab), escreveu um ensaio exclusivo para o Justiça da Gazeta do Povo, resumindo os problemas da lei: criminaliza relações humanas, fere direitos fundamentais – como à vida, à livre expressão, à ampla defesa, etc. – e abre brecha para a quarta reeleição presidencial em 2019, o que fere o artigo 168 da Constituição da Bolívia.

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Em novembro do ano passado, porém, o Tribunal Constitucional do país liberou Morales para concorrer a um quarto mandato nas eleições que devem ocorrer no ano que vem, contrariando o resultado de um plebiscito que rechaçou a hipótese em 2016.