O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou atrás em suas declarações sobre a criação de milícias similares às venezuelanas na Bolívia. "Reafirmo minha convicção mais profunda pela vida e a paz", disse em comunicado publicado em suas redes sociais nesta quinta-feira (16).
"Há alguns dias, tornaram-se públicas umas palavras minhas sobre a conformação de milícias. Eu as retiro. Minha convicção mais profunda sempre foi a defesa da vida e da paz", começa o comunicado. "Sinto uma profunda dor pelo que está acontecendo em minha querida Bolívia. O decreto de impunidade para as Forças Armadas, os massacres, os grupos paramilitares que percorrem as ruas, as casas queimadas, os Tribunais Eleitorais incendiados, os presos políticos e a perseguição sistemática, todos esses crimes sem justiça", continua. "Não quero que nada do que eu diga seja usado como pretexto para perseguir e reprimir minhas irmãs e irmãos", disse ainda Evo pelo comunicado.
Há alguns dias, o ex-presidente boliviano, que está refugiado na Argentina, disse que se voltasse ao governo da Bolívia, iria formar "milícias armadas do povo". "Se eu voltar, teria que organizar, como na Venezuela, milícias armadas do povo", disse Evo em declaração divulgada no domingo (12) por uma rádio pública boliviana. As frases foram alvo de protestos na Argentina e na Bolívia.
As declarações motivaram protestos da União Cívica Radical da Argentina, cujo presidente, Alfredo Cornejo, questionou o status de refugiado de Evo na Argentina. Após saber das declarações, a chanceler boliviana, Karen Longaric, disse que o comentário era irrelevante. "Internamente, ele já fez (o povo boliviano) conhecer todas as intenções que tem com o país".
O governo transitório da Bolívia sustenta que as declarações de Morales seriam crimes de sedição e terrorismo, e as somou a uma investigação na promotoria.
A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, ex-senadora e opositora política de Morales, disse que a gravação mostra que "paz, reconciliação e democracia nunca foram opções para ele". "Dada a intenção de semear terror e violência, eles só encontrarão o povo boliviano unido e, diante das ameaças, nossa mais profunda vocação democrática", tuitou Añez na noite de domingo.
Além disso, um grupo de militares aposentados enviou uma carta ao ministro da Defesa, Luis Fernando Peredo, com revelações de que Evo idealizou em 2014 a formação de uma "Guarda Nacional do Estado Plurinacional da Bolívia"
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