Citando um discurso do presidente dos EUA, George W. Bush, o presidente da Bolívia, Evo Morales, confirmou nesta segunda-feira a denúncia de seu colega venezuelano Hugo Chávez sobre uma suposta conspiração promovida pelos Estados Unidos, mas garantiu ter plena confiança na vocação democrática das Forças Armadas bolivianas.

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Em sua primeira referência direta à denúncia mencionada por Chávez na sua recente visita oficial de três dias à Bolívia, Morales evitou entrar em detalhes sobre a suposta conspiração e preferiu destacar suas boas relações com o comando militar, que qualificou de "de luxo, patriota".

- Onde estão as provas dessa conspiração? Na mensagem do presidente Bush, quando diz que a democracia boliviana está sofrendo uma erosão - disse o presidente indígena a correspondentes internacionais. - Sim, há conspiração com qualquer pretexto - acrescentou Morales, lembrando que no último ano as reivindicações econômicas de grupos conservadores do Departamento (Estado) de Santa Cruz, na fronteira com o Brasil, ganharam contornos antigoverno e até separatistas.

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Morales argumentou que uma declaração como a de Bush - amplamente repercutida na semana passada pela imprensa local - "não provoca somente Evo Morales e o governo, mas a democracia, é uma mensagem clara de provocação à democracia".

O presidente boliviano, que a exemplo de Chávez adota um discurso fortemente anti-imperialista, disse que, ao contrário do que diz Washington, a Bolívia "na verdade fortalece e aprofunda a democracia", pois há uma crescente participação social na tomada de decisões e no controle sobre o governo.

Ele admitiu, porém, que a "revolução democrática" feita por seu governo, que tomou posse em janeiro, pode gerar atividades conspiratórias de "alguns militares", que na sua opinião não representam o sentimento geral das Forças Armadas.

- Acho que as Forças Armadas sentem pela Bolívia, pode haver alguns maus militares, mas o alto comando militar que temos é de luxo, patriota - acrescentou, lembrando que sempre recebeu bom tratamento dos militares, inclusive quando esteve preso ou confinado por sua atividade sindical.

Já o seu governo, afirmou, vê nas Forças Armadas "um símbolo de unidade" e não tem planos para descentralizá-las nem fundi-las com a polícia, como afirmaram recentemente dirigentes de Santa Cruz.

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- Já passaram os tempos em que lamentavelmente as Forças Armadas foram usadas para o confronto interno - disse Morales.

Horas antes, o comandante-chefe das Forças Armadas, general Wilfredo Vargas, disse que a era dos golpes de Estado terminou - foram quase 200 governos militares em pouco mais de um século e meio de vida republicana da Bolívia.

- Eu acho que essas épocas dos golpes militares ficaram para trás, nós somos conscientes de que o país tem de andar em situação de harmonia - disse o comandante num evento com a presença de Morales.