O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quarta-feira (28) que o Brasil "devolva" o senador Roger Pinto, que fugiu de La Paz para Brasília e está sendo investigado em seu país por corrupção.
"É importante devolver Roger Pinto à Justiça boliviana para que ele seja julgado como qualquer autoridade que está envolvida em casos de corrupção", disse Morales em entrevista coletiva.
Esta é a primeira vez que Morales se pronuncia sobre esse tema, que provocou um conflito diplomático com o Brasil.
O presidente boliviano declarou que se um caso como este ocorresse com ele, mandaria para a fronteira um acusado de corrupção como Roger Pinto.
Morales insistiu que o senador não é um perseguido político e que sua fuga é a prova de que é "um criminoso confesso".
Roger Pinto fugiu para o Brasil na sexta-feira passada, quando deixou a embaixada brasileira em La Paz com a ajuda do diplomata Eduardo Saboia e o apoio de fuzileiros navais, em dois carros oficiais da delegação diplomática.
O senador estava asilado na embaixada brasileira desde 28 de maio de 2012, quando pediu asilo político ao Brasil argumentando que era alvo de uma perseguição política e que enfrentava na Bolívia vários julgamentos promovidos pelo governo por denúncias de corrupção, das quais ele nega.
A aparição do senador boliviano no Brasil, sem o salvo-conduto necessário do governo boliviano para deixar legalmente o país, provocou a saída do ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que foi substituído no cargo nesta quarta-feira por Luiz Alberto Figueiredo.
Morales ressaltou hoje que não entende e que o incomodou o fato de que funcionários da embaixada brasileira em La Paz tenham usado carros diplomáticos para que Roger Pinto fugisse para o Brasil.
"É importante que o governo do Brasil explique a razão desta operação e estamos esperando (uma resposta) para a nota oficial diplomática enviada pela Chancelaria boliviana", acrescentou.
O líder reiterou que existem quatro ordens judiciais que proíbem a saída do senador boliviano do país e uma condenação de um ano de prisão por um dos casos de corrupção em que é réu.
Além disso, Morales assegurou que o senador não estava sob vigilância e que sua vida não estava em perigo, salvo quando os funcionários da embaixada do Brasil decidiram levá-lo para o território desse país.
"O senhor Roger Pinto podia circular sem nenhum problema na Bolívia. Só não poderia deixar o país por ordem da Justiça boliviana", enfatizou Morales.
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