O governo do presidente boliviano Evo Morales legalizará a coca cultivada pelos camponeses em parte da região do Chapare, base eleitoral do próprio Evo, e tomará terras de pessoas que cultivem coca no resto do território boliviano, informou uma autoridade.
O vice-ministro de Defesa Social, Felipe Cáceres, disse ontem em coletiva de imprensa que com a "legalização" de uma área de 1.600 metros quadrados para cada um dos 45.700 cocaleiros da região do Chapare, e de outros 1.000 hectares em outra região, as plantações legais de coca crescerão dos 12.000 hectares atuais para 20.000 hectares.
Localizada na Bolívia central, a região do Chapare foi a maior área cocaleira do país, que durante anos resistiu à sangue e fogo contra a tentativa de erradicar o cultivo da coca. Isso converteu Evo num aguerrido líder sindical, até que ele ingressou na política no final da década de 1980.
Legalizar a coca na região do Chapare é uma antiga promessa eleitoral de Evo e agora ele se propõe a cumpri-la, após ter sido reeleito com 64% dos votos nas eleições de 6 de dezembro. O sufrágio deu a Evo pleno controle sobre a Assembleia Legislativa que assumirá em 22 de janeiro de 2010.
O mandatário boliviano falou em legalizar a coca dessa região no sábado, durante reunião com sindicalistas cocaleiros, dos quais ainda é líder.
O vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Liñera, explicou nesta terça-feira que se trata de legalizar o "que já existe. Essa coca já estava lá quando chegamos ao governo em 2006, se trata de legalizar e definir uma nova estrutura para limitar a expansão do cultivo da coca, não é nada novo", afirmou.