Repressão
Indígenas protestam contra impunidade de policiais violentos
AFP
As desculpas de Sacha Llorenti, ex-ministro do Interior da Bolívia, sobre a violenta repressão policial a indígenas contrários a um projeto de uma estrada na Amazônia, geraram ontem uma onda de protestos da oposição e de organizações de direitos humanos.
Llorenti "não pode apurar as responsabilidades nesses acontecimentos", disse o procurador público Rolando Villena, que afirmou a jornalistas que o Estado e a justiça "têm a obrigação de investigar e punir" uma dura ação policial para dispersar um protesto indígena, em setembro de 2011.
Em sua condição de titular do Interior, Llorenti era então responsável pela polícia boliviana, apesar de alegar, sobre esse incidente na localidade de Chaparina que cadeia de comando foi rompida e, portanto, se eximir das responsabilidades.
O processo judicial se concentrou na figura do general Oscar Muñoz, que está em prisão domiciliar, e do ex-vice-ministro do Interior, Marcos Farfán. Ambos negaram as acusações e alegaram inocência.
O líder do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure, Fernando Vargas, se disse surpreso com o caso. "Significa que agora ninguém é responsável", disse.
Bolívia sem Coca-Cola? Diversos sites veicularam ontem a informação de que a Bolívia expulsaria a multinacional Coca-Cola do país em 21 de dezembro, virada do calendário maia, para dar as boas vindas à "pacha", ou a cultura da vida.
A notícia era atribuída ao ministro das Relações Exteriores boliviano, David Choquehuanca. A data se refere ao fim do ciclo atual do calendário maia, erroneamente interpretado como o fim do mundo. Além disso, o governo de Evo Morales ainda decretaria a falência do McDonalds outro símbolo do capitalismo do país.
Mas a Agência Boliviana de Informação (ABI), órgão estatal, informou à noite que a declaração de Choquehuanca sobre a expulsão da Coca-Cola do país é simbólica.
"Trata-se de um mal-entendido. O ministro é um estudioso do calendário maia e fez uma declaração muito coloquial. Ele falava de uma visão comunitária das coisas, de uma nova época que contradiz com a visão liberal e da propriedade privada, indicando que a partir de 21 de dezembro não será o tempo da Coca-Cola, como um símbolo do capitalismo", afirmou o chefe da ABI, Jorge Cuba.
Segundo os sites, o argumento para a expulsão da Coca-Cola era o fato de ela estar associada a infartos, derrame, câncer e, claro, capitalismo.
"O dia 21 de dezembro de 2012 é o fim do egoísmo, da divisão. O 21 de dezembro tem que ser o fim da Coca-Cola e o começo do mocochinche (refresco de pêssego, comum no país). Os planetas se alinham depois de 26 mil anos", afirmou Choquehuanca durante a inauguração de um aeroporto na cidade de Copacabana.
O chanceler convocou uma grande reunião de povos indígenas e movimentos sociais para o dia 21 de dezembro, a fim de celebrar o fim da macha (o que há de negativo no mundo) e o início da pacha, que representa o amor e a vida comunitária.
O presidente da Câmara de Indústrias de La Paz, Mario Yaffar, considerou ontem que houve uma "distorção" nas declarações de Choquehuanca que, a seu ver, falou de uma suposta perda da "supremacia mundial" da Coca-Cola.
A notícia sobre o McDonalds também se provou errônea. Segundo informações oficiais da rede de fast food, a empresa "fechou seus restaurantes na Bolívia em 2002 por razões comerciais e desde então não tem operações no país".