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Em livro

Ex-assessor diz que Trump pediu ajuda da China para se reeleger

O presidente americano Donald Trump fala ao lado do seu então conselheiro de segurança nacional, John Bolton, na Casa Branca, 9 de maio de 2018 (Foto: SAUL LOEB / AFP)

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu ao presidente da China, Xi Jinping, que o ajudasse a vencer as eleições presidenciais de 2020, de acordo com o relato de John Bolton, ex-assessor de segurança nacional do governo Trump, em livro que será lançado na semana que vem.

Trechos do livro "The Room Where It Happened: A White House Memoir" (A sala onde tudo aconteceu: um livro de memórias da Casa Branca) foram divulgados nesta quarta-feira (17) por veículos de imprensa americanos como Washington Post, New York Times e a agência Associated Press, que tiveram acesso antecipado à obra.

Durante um encontro entre os dois líderes na cúpula do G20 no Japão em junho de 2019, Xi reclamou para Trump de críticas contra a China feitas nos EUA. Segundo Bolton, o presidente americano "imediatamente pressupôs que Xi se referia aos democratas. Trump disse em concordância que de fato havia grande hostilidade entre os democratas", relatou o Washington Post.

"Ele então, surpreendentemente, mudou o assunto para as próximas eleições presidenciais dos EUA, mencionando a capacidade econômica da China de afetar as campanhas em andamento, apelando a Xi para garantir que ele vencesse", escreveu Bolton, segundo o Post. "Ele ressaltou a importância dos agricultores e do aumento das compras de soja e trigo pela China no resultado eleitoral. Eu imprimiria as palavras exatas de Trump, mas o processo de revisão de pré-publicação do governo não permitiu".

O livro de 592 páginas, que está em pré-venda na Amazon americana é já está na lista dos mais vendidos do site, está no centro de uma disputa judicial com a Casa Branca. Na terça-feira (16), o governo Trump pediu a um juiz federal que ordenasse Bolton a suspender a publicação do livro, com uma ação que argumenta que o ex-assessor violou acordos de confidencialidade e estava arriscando a segurança nacional ao expor informações secretas.

O advogado de Bolton afirmou que o livro não contém material confidencial e que o texto passou por um rigoroso processo de revisão.

De acordo com o Washington Post, este é o relato mais substancial e detalhado de alguém do governo Trump até o momento e inclui inúmeros detalhes de reuniões internas e citações diretas atribuídas a Trump e outros.

Bolton descreve outros casos em que Trump teria pedido favores ou aprovação de líderes autoritários, além de casos em que esses líderes tentavam manipular o presidente, às vezes com recursos simplistas. Entre eles, um telefonema em maio de 2019 do presidente russo Vladimir Putin, que comparou o líder oposicionista venezuelano Juan Guaidó à democrata Hillary Clinton, adversária de Trump nas eleições de 2016, em tentativa de conquistar apoio ao ditador Nicolás Maduro. Segundo o autor, Trump foi "convencido em grande medida" pelas alegações de Putin.

O livro retrata Trump como um líder desinformado, que um dia demonstrou surpresa ao ouvir uma autoridade britânica se referir ao Reino Unido como uma potência nuclear. Além disso, Bolton diz que os conselheiros do presidente frequentemente ficam desconcertados pelas ações de Trump e que vários deles já pensaram em renunciar por desgosto ou frustração.

John Bolton foi demitido em setembro do ano passado por Trump, que disse que "discordava fortemente de muitas de suas sugestões".

Bolton, ex-diplomata e comentarista político, entrou para a equipe da Casa Branca em abril de 2018 como assessor de segurança nacional de Trump - o terceiro a ocupar o cargo desde o início da administração, em 2017. Antes, havia integrado o gabinete de George W. Bush, sendo extremamente próximo do vice-presidente Dick Cheney - com quem propôs a invasão do Iraque pelos EUA após os atentados de 11 de Setembro de 2001.

Ele veio ao Brasil em novembro de 2018 para visitar o então presidente eleito Jair Bolsonaro. O encontro aconteceu na casa de Bolsonaro no Rio de Janeiro.

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