O ex-bispo Fernando Lugo toma posse nesta sexta-feira (15) como presidente do Paraguai, num fato histórico que gera a expectativa de reformas no país, o qual atravessa uma fase de crescimento, mas ainda sofre com a miséria e as desigualdades.
Lugo, de 57 anos, que até 2005 dirigia uma diocese carente, é o primeiro ex-bispo a se tornar presidente de um país. A posse, à qual devem comparecer quase cem delegações estrangeiras, marca o fim de mais de 60 anos de hegemonia política do Partido Colorado.
Dirigentes da região --como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador)-- devem assistir à posse de Lugo, cuja formação política deriva da Teologia da Libertação. Da América do Sul, os principais ausentes serão Álvaro Uribe (Colômbia) e Alan García (Peru).
Lugo chega ao Palácio de los López legitimado por 40 por cento dos votos na eleição presidencial. Sua coalizão de centro-esquerda reúne a maior parte da oposição ao Partido Colorado.
A longa transição paraguaia para o pluripartidarismo pleno começou em 1989, com a queda da ditadura de Alfredo Stroessner, que era ligado aos colorados. Nesse período, o país viveu uma série de ameaças de golpe, conflitos sociais, assassinatos políticos e escândalos de corrupção.
Apelidado de "bispo dos pobres", Lugo, que só usa roupas simples e sandálias, terá como principais desafios o combate à corrupção e à pobreza, que afeta 40 por cento dos paraguaios. No campo externo, ele promete renegociar os termos da venda de energia da usina de Itaipu para o Brasil.
"As pessoas têm muita fé, muita esperança. É bispo, todos estão certos da sua honestidade, e espera-se uma mudança no social. É um homem muito diferente do que estamos acostumados na política", disse Alba Pasmor, vendedora de eletrodomésticos e filiada ao Partido Colorado.
Deixe sua opinião