George Tenet, ex-diretor da CIA, afirma em um novo livro que o governo de George W. Bush decidiu invadir o Iraque sem estudar a verdadeira necessidade da medida nem analisar alternativas, informou nesta sexta-feira o jornal "The New York Times".
"Nunca houve um debate sério, que eu saiba, sobre a iminência da ameaça iraquiana" e também "não houve discussão significativa" sobre a possibilidade de evitar uma invasão, escreve Tenet em suas memórias, segundo o jornal nova-iorquino.
O livro, intitulado "At the Center of the Storm" ("No centro da tempestade"), chegará às lojas na segunda-feira. Mas um exemplar foi obtido pelo "New York Times".
Tenet se queixa de que, quando a situação no Iraque piorou após a invasão e a guerra ficou impopular, o Governo fez dele um "bode expiatório".
O ex-diretor da CIA lembra com amargura como o vice-presidente, Dick Cheney, numa entrevista em setembro de 2006, comentou em duas ocasiões uma observação de Tenet, antes da invasão, sobre as supostas armas de destruição em massa no Iraque.
Cheney lembrou que, em reunião na Casa Branca em dezembro de 2002, Tenet utilizou a expressão "slam dunk" (algo como "uma barbada") em conexão com a presença de armas de destruição em massa no Iraque. O vice-presidente deixou entrever que o argumento convenceu a Casa Branca a invadir o Iraque.
Tenet sustenta que a frase foi tirada de contexto e se referia na realidade à facilidade de convencer a sociedade americana da necessidade de invadir o Iraque e derrubar Saddam Hussein.
Tenet reconhece que se equivocou ao afirmar, em 2002, que o presidente iraquiano, Saddam Hussein, contava com armas de destruição em massa. Mas afirma ter acertado ao negar a existência de vínculos claros entre Iraque e Al Qaeda, como pretendiam alguns altos funcionários do Governo.
O ex-diretor da CIA renunciou ao cargo em junho de 2004, em meio a tensões com Cheney, Paul Wolfowitz e a então Assessora de Segurança Nacional Condoleezza Rice.
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