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O Reino Unido, a Argentina e os malvinenses deveriam "sentar para dialogar" sobre as ilhas Malvinas e, talvez, "no futuro", sobre a soberania, opinou o tenente-coronel Tony Davies, ex-combatente britânico na guerra de 1982.

Davies foi sargento do Regimento dos Guardas Galeses na Guerra das Malvinas e atualmente é vice-presidente da Associação de Medalhas do Atlântico Sul, uma organização com 5 mil membros de ex-combatentes e suas famílias.

A dois dias da data que marcará 30 anos do conflito armado que envolveu o Reino Unido e Argentina pela posse das ilhas, Davies se mostrou favorável de uma aproximação com a Argentina e garantiu em entrevista por telefone com a Agência Efe que sua posição é compartilhada por outros militares que lutaram nas Malvinas.

"Após 30 anos, é importante que as pessoas se sentem para dialogar sobre o futuro das ilhas e dos ilhéus" e seria "bom e franco se o Governo argentino, o britânico e, mais importante, o das Malvinas se sentassem juntos para dialogar e negociarem", porque "todos se beneficiariam".

Davies reconheceu que o Governo do Reino Unido nunca privará o desejo dos ilhéus de seguirem sendo britânicos e os ex-combatentes compartilham a mesma posição.

A soberania - que reivindica Argentina - é algo que compete aos malvinenses, mas não se opõe a falar disso "no futuro" se houver "diálogo" e "confiança" entre as partes.

Davies não acredita que se possa tratar de soberania "agora, mas quem sabe o que pode acontecer no futuro?", se perguntou.

"Os ilhéus querem ser britânicos e o Reino Unido sempre apoiará o desejo deles de continuarem sendo britânicos", avaliou.

O Governo do Reino Unido se nega a negociar a soberania do arquipélago com a Argentina, enquanto os ilhéus desejarem serem britânicos.

A opinião de Davies coincide com o aumento da tensão entre os dois países pelo litígio.

"Eu acho que todos deveriam sentar-se para conversar. Tudo seria muito melhor", disse o militar, já aposentado, mas que se mantém ativo através dos contatos com seus ex-companheiros de "uma guerra que nunca devia ter ocorrido".

Davies é ainda presidente da Fundação de Veteranos das Falklands (nome britânico das Malvinas), dedicada a arrecadar recursos para os ex-combatentes britânicos que precisam de ajuda.

É contrário a falar com os políticos porque entende que estes "acreditam nas guerras, mas são os soldados os que vão a campo e sofrem o resto da vida", mas insiste na necessidade do diálogo "sobre a pesca, o petróleo e o comércio com a Argentina".

"Tem de haver um caminho (para resolver). Sentar-se e dialogar", insistiu várias vezes este militar muito condecorado por sua participação na guerra do Atlântico Sul.

Fã de golfe, este britânico de 66 anos contou em sua entrevista à Efe que manteve contatos com ex-combatentes argentinos, muitos deles amigos seus, com os quais realizou vários encontros na Argentina e o Reino Unido.

"Nunca houve uma palavra ruim. Nós rimos e choramos juntos", lembrou Davies.

Garantiu não ter ressentimento algum com a população argentina e manifestou ter certeza de que esse país não quer outro conflito armado.

Os membros de sua fundação lembrarão nesta segunda-feira a guerra no Parlamento britânico, onde se reunirão com parlamentares e representantes de diversas organizações de beneficência.

O conflito bélico de 1982, no qual morreram 255 militares britânicos e 650 argentinos, começou quando a junta militar argentina ocupou as ilhas sob controle britânico em 2 de abril e terminou com a rendição das tropas do país sul-americano em 14 de junho.

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