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Um ex-diretor da ByteDance, empresa chinesa proprietária do TikTok, acusou a rede social de subserviência ao Partido Comunista da China (PCCh) e de uma série de ilegalidades em um processo no qual pede compensações por demissão sem justa causa, apresentado na semana passada no Tribunal Superior de São Francisco, nos Estados Unidos.
Segundo informações do The New York Times, Yintao Yu, chefe de engenharia da ByteDance nos Estados Unidos entre 2017 e 2018, chamou a empresa de “uma ferramenta útil de propaganda do Partido Comunista Chinês” na ação.
Ele alegou que foi demitido porque manifestou preocupações sobre um “esquema mundial” para roubar e lucrar com propriedade intelectual de outras empresas. No processo, o ex-diretor pede salários não pagos, indenização e 220 mil ações da ByteDance, o que pode representar dezenas de milhões de dólares, segundo o New York Times.
Yu apontou no processo que uma unidade especial de membros do PCCh, chamada de Comitê, atuava nos escritórios da ByteDance em Pequim para monitorar os aplicativos da companhia e “orientar como a empresa deveria promover valores comunistas fundamentais” e possuía um “interruptor da morte”, capaz de tirar do ar aplicativos chineses.
“O Comitê teve acesso supremo a todos os dados da empresa, até mesmo os armazenados nos Estados Unidos”, denunciou o ex-diretor.
Yu relatou que, logo que o TikTok foi lançado, os engenheiros da ByteDance copiavam vídeos e postagens do Snapchat e do Instagram sem permissão e os publicavam no aplicativo chinês. Depois, a ferramenta também criou usuários falsos para aumentar os números de engajamento, segundo relatado no processo.
O ex-diretor afirmou também que engenheiros do Douyin, a versão chinesa do TikTok, mudaram o algoritmo do app para destacar conteúdos com manifestações de ódio contra o Japão e esconder posts que endossavam os protestos pró-democracia em Hong Kong.
Yu relatou ainda que o fundador da ByteDance, Zhang Yiming, “facilitou” subornos para Lu Wei, funcionário da ditadura chinesa encarregado da regulamentação da internet, que foi depois condenado por receber propinas.
A ByteDance refutou as acusações em mensagem enviada ao New York Times, classificando-as como “alegações infundadas”.
“O senhor Yu trabalhou para a ByteDance por menos de um ano e seu contrato terminou em julho de 2018. Durante seu breve período na empresa, ele trabalhou em um aplicativo chamado Flipagram, que foi descontinuado anos atrás por razões comerciais”, afirmou a empresa.