Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), levou uma prostituta a seu gabinete em Washington em janeiro de 2010, quando exercia um dos cargos mais importantes do mundo das finanças, em meio à crise econômica internacional. A revelação veio à tona na terça-feira (10), durante sua segunda audiência no Tribunal Correcional de Lille, onde é julgado por "proxenetismo grave".

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A visita de uma garota de programa à direção-geral do FMI aconteceu a convite de Strauss-Kahn e era do conhecimento de seu staff. Durante o julgamento foi apresentada uma fotografia de Jade, uma das prostitutas envolvidas no Caso Carlton, como é chamado o escândalo sexual que envolveu a rede de hotéis em Lille, na sede do fundo nos Estados Unidos. Em seu testemunho, a jovem afirmou que fora convidada a viajar a Washington, e que a condição era para que agisse de forma discreta, de maneira a ser apresentada como uma das secretárias de Strauss-Kahn.

Segundo Jade, a viagem foi paga. Questionada pelo juiz Bernard Lemaire sobre por que decidira aceitar o convite, a jovem não hesitou: "Por 2 mil euros eu não diria não! Eu amo viajar e nunca tinha estado em Washington". A ex-prostituta também afirmou que Strauss-Kahn tinha conhecimento de que ela trabalhava em um clube de swing na França. "Há ingênuos e ingênuos. Nós não somos estúpidos", disse ela.

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Interrogado pelo juiz, o ex-diretor-gerente confirmou que levou Jade à sede do FMI, mas fiel à estratégia da defesa disse não ter conhecimento de que se tratava de uma prostituta. Segundo ele, seria um risco "inconcebível" levar uma garota de programas ao fundo.

Seu segundo depoimento ainda foi marcado por um princípio de exasperação, quando Strauss-Kahn demonstrou impaciência ao ser questionado sobre um caso de sodomia praticado em meio às orgias realizadas em Lille, Paris e Washington. Indagado sobre o tema, o ex-ministro francês afirmou: "Eu estou começado a ficar cheio disso", olhando para um dos advogados do caso, David Lepidi. "Minha prática sexual, que seja apreciada ou não, não diz respeito ao tribunal", respondeu, justificando: "Os comportamentos que tenho não têm sentido se necessitam ter prostitutas. É absurdo".

Strauss-Kahn também reclamou da deriva do julgamento, que nas últimas horas se concentrou em suas preferências sexuais - o que, de acordo com o próprio juiz, não está em julgamento. "A não ser que queiram que eu compareça diante dos juízes por práticas degeneradas, o que não existe", ironizou.

Na terça-feira, dia de sua primeira audiência no julgamento, Strauss-Kahn confirmou que participara de quatro orgias por ano durante três anos, o que para ele não tornava as noitadas libertinas "desenfreadas". A principal questão em aberto é se o comportamento sexual do ex-diretor-gerente do FMI era apenas uma atitude sexual individual, ou se o economista era agente ativo de uma rede de prostituição, estimulando uma rede de proxenetismo no norte da França. O julgamento deve prosseguir por cerca de 10 dias. Se for condenado, Strauss-Kahn pode pegar uma pena de até 10 anos de prisão e 1,5 milhão euros em multa.

Em 2011, o economista já havia sido envolvido em outro escândalo sexual, o Caso Sofitel, em Nova York, quando foi acusado de ter estuprado uma camareira. Pelo episódio, Strauss-Kahn foi preso, teve de renunciar ao cargo de diretor-gerente do FMI e chegou a ser levado aos tribunal, escapando de um processo após um acordo financeiro com seus acusadores.

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