Buenos Aires - O ex-ditador argentino Reynaldo Bignone foi condenado ontem a 15 anos de prisão por crimes contra a humanidade cometidos em um hospital público que funcionou como uma central de torturas durante a ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983.
Foi a terceira condenação de Bignone por crimes cometidos durante a ditadura. Ele foi o último ditador argentino e assumiu o poder em 1982 após o país ter sido derrotado pela Grã-Bretanha na Guerra das Malvinas.
Nos anos 1970, antes de ser ditador, Bignone atuou como repressor. Segundo números oficiais do governo argentino, 13 mil pessoas foram assassinadas na ditadura, mas organismos de defesa dos direitos humanos estimam que 30 mil pessoas foram mortas.
O Tribunal Federal número 2 em Buenos Aires impôs a sentença a Bignone, de 85 anos, porque prendeu e torturou presos políticos, médicos e até enfermeiras em um centro clandestino montado pela repressão no Hospital Posadas, localizado na zona oeste de Buenos Aires.
No local, em 1976, Bignone também comandou a tortura e, em alguns casos, o assassinato de médicos do hospital.
Além de Bignone, foram condenados nesse processo Luis Muiña, que recebeu sentença de 13 anos de reclusão, e Rafael Mariani, condenado a oito anos de prisão.
"Na madrugada de 28 de março de 1976, uma força militar com tanques e helicópteros, comandada pessoalmente por Bignone, ocupou o Hospital Alejandro Posadas e capturou, entre outros, o diretor do estabelecimento, Julio Cesar Rodríguez Otero [já morto], que morava no chamado El Chalet, convertido em um centro de detenções e torturas", diz o texto do Tribunal.