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Duvalier declarou solidariedade aos haitianos em sua primeira coletiva de imprensa | Hector Retamal/AFP
Duvalier declarou solidariedade aos haitianos em sua primeira coletiva de imprensa| Foto: Hector Retamal/AFP

Em um pronunciamento à na­­ção transmitido nesta sexta-feira pela tevê, o ex-ditador do Haiti Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier convocou os haitianos à "reconciliação nacional" e afirmou que retornou ao país em "solidariedade" às vítimas do terremoto de 2010.

Em sua primeira coletiva de imprensa desde o retorno surpresa ao Haiti no domingo, dia 16, após 25 anos no exílio, "Baby Doc" também expressou sua "profunda tristeza por todos aqueles que dizem ter sido vítimas do meu go­­verno". "Estou aqui para de­­mons­­trar minha solidariedade neste momento difícil", acrescentou.

Duvalier voltou ao Haiti na semana passada e chegou a ser interrogado pela polícia de Porto Príncipe, mas depois foi liberado. Um aliado do ex-ditador disse na última quarta-feira que Duvalier pretende voltar ao comando do Haiti. "Precisamos agitar as coisas de maneira que as eleições sejam anuladas e novas eleições organizadas para que Duvalier possa concorrer", afirmou Henry Ro­­bert Sterlin, um ex-embaixador haitiano na França. "Depois, bingo, será reeleito", acrescentou Sterlin, que se apresenta como porta-voz de Duvalier. "Ele ficará no Haiti para sempre, em seu país. E participará da política. É seu direito. Um político nunca morre", disse, por sua vez, Reynold Geor­­ges, um dos advogados de Duvalier.

Investigações

Até o momento, cinco haitianos apresentaram formalmente de­­núncias contra o ex-ditador, mas se espera que nos próximos dias mais pessoas denunciem Duvalier, im­­pe­­dido de sair do país por de­­cisão de um juiz.

A Anistia Internacional (AI) informou que as autoridades do Haiti se comprometeram a investigar as violações dos di­­reitos humanos cometidas du­­rante o mandato de "Ba­­by Doc" entre 1970 e 1980.

O investigador da AI no Hai­­ti, Geraldo Ducos, afirmou que se reuniu na quinta-feira com o promotor haitiano e com o ministro da Justiça, Paul Denis, e entregou a eles 100 documen­­tos detalhando diversos casos de detenção arbitrária, tortura, desaparecimento forçado e exe­­cução extrajudicial en­­tre 1976 e 1986.

"Os crimes de lesa-humanidade são imprescritíveis e não podem cair após um período de tempo", declarou Ducos du­­rante uma entrevista coletiva na capital haitiana.

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