O ex-ditador argentino Rafael Videla, que voltou a ser julgado por crimes de lesa-humanidade cometidos durante o último regime militar no país (1976-83), assumiu na segunda-feira plena responsabilidade pelos abusos.
Videla, que governou de 1976 a 81, está sendo julgado com outros 30 réus, entre eles Luciano Benjamín Menéndez, ex-chefe do Terceiro Corpo do Exército, com sede em Córdoba.
"Assumo em plenitude minhas responsabilidades castrenses por tudo o que foi feito pelo Exército na guerra interna a que fiz referência (contra militantes esquerdistas). E essa responsabilidade a assumo com total isenção dos que foram meus subordinados e se limitaram a cumprir minhas ordens", disse Videla ao tribunal.
Mas, acrescentou, "os fatos que se julgam neste processo constituem coisa julgada, e lhes corresponde a aplicação do princípio pelo qual ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo processo".
O Judiciário argentino informou que Videla está preso na província de Córdoba.
Grupos de direitos humanos dizem que cerca de 30 mil pessoas foram sequestradas, torturadas e assassinadas durante a ditadura. Uma comissão independente confirmou cerca de 11 mil casos.
A Corte Suprema revogou há alguns anos duas leis de anistia que protegiam centenas de ex-oficiais de serem julgados por violações a direitos humanos. Isso permitiu que tribunais argentinos impusessem duras penas a ex-militares e policiais condenados por sequestros, torturas e homicídios.