O ex-embaixador boliviano na ONU Pablo Solón, artífice de uma ofensiva internacional pela defesa do meio ambiente e dos direitos dos indígenas, criticou duramente a atuação do governo no caso de uma estrada que deve atravessar uma reserva natural denominada TIPNIS.
"O conflito do TIPNIS nunca deveria ter existido. A integração rodoviária é necessária, mas não através do TIPNIS. Com certeza será mais caro construir uma estrada que não atravessar o parque, mas tentar economizar 200 ou 300 milhões de dólares sem levar em conta os custos socioambientais é ir contra os princípios do bem-viver", disse Solón em uma carta aberta ao presidente Evo Morales.
Indígenas marcham há mais de um mês para protestar contra a construção dessa estrada, e no domingo passado foram reprimidos pela polícia, o que gerou fortes críticas ao governo, até o ponto de na quarta-feira Morales ter pedido desculpas pela ação da força pública.
Solón, que foi embaixador da ONU até julho passado e agora é consultor, afirma em sua carta que "não se pode falar em defesa da Mãe Terra e ao mesmo tempo promover a construção de uma estrada que fere a Mãe Terra, não respeita os direitos dos indígenas e viola de forma imperdoável os direitos humanos". Solón foi um aliado-chave de Morales para posicionar internacionalmente temas importantes da agenda governamental boliviana como a defesa da "Mãe Terra", as mudanças climáticas e os direitos dos indígenas.
Essa estratégia obteve a aprovação do direito humano à água e ao saneamento na ONU, e impulsionou a constituição de um dia internacional dedicado à "Mãe Terra".
"É incompreensível que promovamos a realização de uma Conferência Mundial da ONU sobre os Povos Indígenas para 2014 se não somos vanguarda na aplicação da consulta prévia, livre e informada aos povos indígenas dentro de nosso próprio país", completa o documento.
O TIPNIS é uma reserva de 1 milhão de hectares onde vivem 50.000 nativos amazônicos.
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