Ouça este conteúdo
O ex-general venezuelano Hugo "El Pollo" Carvajal, que era aliado da ditadura de Hugo Chávez, chegou a Nova York nessa quarta-feira (19), extraditado pela Espanha, e se apresentará pela primeira vez a um juiz federal americano para ouvir as acusações formais feitas contra ele, que podem levá-lo a passar o resto de seus dias em uma prisão dos EUA, disseram fontes judiciais à EFE.
A apresentação de Carvajal ao judiciário acontece nesta sexta-feira (21).
Carvajal, cuja extradição foi ordenada na última segunda (17) pelo Tribunal Nacional da Espanha para a Interpol, foi chefe da contrainteligência venezuelana durante o regime ditatorial de Hugo Chávez.
Ele recebeu quatro acusações, sendo duas por conspirar para traficar cocaína para os Estados Unidos, uma por uso e outra por porte de armas de fogo em conexão com as duas primeiras.
Qualquer uma das quatro pode render uma sentença máxima de prisão perpétua, caso ele seja condenado.
De acordo com a Procuradoria Federal dos Estados Unidos para o Distrito Sul em Manhattan, onde Carvajal será julgado, ainda não foi definido um horário para a audiência.
Especificamente, a Procuradoria alega ter provas do envolvimento de Carvajal na remessa de um carregamento de 5,6 toneladas de cocaína que foi transportado da Venezuela para o México em 2006.
Em março de 2020, o governo dos EUA indiciou Carvajal, juntamente com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, considerado o segundo principal líder chavista, e outros dirigentes venezuelanos.
O governo americano os acusa de participar de uma conspiração narcoterrorista corrupta e violenta que, supostamente, envolve o Cartel de los Soles e a guerrilha Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
De acordo com a Procuradoria, Maduro ajudou e, por fim, liderou esse grupo de tráfico de drogas por meio do qual enriqueceu e "inundou" os Estados Unidos com drogas, "usando a cocaína como uma arma contra" o país.
Carvajal e os outros réus também são acusados de atuar como "líderes e administradores" do Cartel de los Soles e da conspiração narcoterrorista com as Farc.
Hugo Armando Carvajal, que fugiu da Venezuela com um passaporte falso em 2019, teve sua prisão preventiva decretada na Espanha por mais de dois anos devido a um claro risco de fuga, já que ficou desaparecido por quase dois anos, entre 2019 e 2021.
O rastro dele foi perdido quando a terceira seção do Tribunal Penal da Audiência Nacional espanhola se recusou a entregá-lo aos Estados Unidos.
O pleno da Sala Penal da corte de apelação anulou a decisão pouco tempo depois, mas até então o tribunal não conseguiu mais localizá-lo, até setembro de 2021, quando ele foi preso em Madri, em um local diferente de onde sua companheira e seus cinco filhos estão registrados.
Desde que foi preso, Carvajal tentou impedir sua extradição por todos os meios, pediu asilo na Espanha, sem sucesso, e contestou todas as decisões que os juízes estavam emitindo contra ele, até que finalmente perdeu essa batalha e foi enviado para os Estados Unidos.
Em 2021, segundo o site Ok Diario, o ex-chefe da inteligência militar venezuelana informou à Justiça da Espanha que os regimes de Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram pagamentos ilegais a partidos e políticos de esquerda no país europeu e na América Latina, entre os beneficiados estariam o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e os ex-presidentes da Argentina, Néstor Kirchner (2003-2007), e da Bolívia, Evo Morales (2006-2019).