Londres Um ex-espião russo, morto na quinta-feira após passar mais de 20 dias internado sob suspeita de envenenamento, assinou uma declaração culpando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua morte, afirmaram ontem amigos da família. A declaração de Alexander Litvinenko foi lida para os repórteres que aguardavam notícias do lado de fora do hospital onde ele estava internado, em Londres. Litvinenko acusou Putin de não ter "respeito pela vida, liberdade ou qualquer valor civilizado.
"Você (Putin) demonstrou ser indigno de seu cargo, indigno da confiança de homens e mulheres civilizados, continuou o ex-espião no texto. "Você poderá ser bem-sucedido em silenciar um homem, mas os protestos irão reverberar em todo o mundo.
Alex Goldfarb, amigo de Litvinenko que leu a declaração, disse que o ex-espião ditou o texto antes de perder a consciência na quinta-feira, e o assinou na presença de sua mulher, Marina.
Defesa
O governo de Putin nega qualquer envolvimento com a morte do ex-espião. "As alegações contra a Rússia sobre este assunto são uma besteira, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, antes que a declaração fosse divulgada.
"É tão bobo e inacreditável que não merece comentários, disse Peskov em Helsinki, na Finlândia, onde Putin participa de um encontro com líderes da União Européia. "Agora o caso será investigado pelos serviços britânicos e esperamos que os responsáveis sejam levados à Justiça, acrescentou.
Radioatividade
A Scotland Yard informou ontem que achou restos de uma substância radioativa na casa do falecido ex-espião russo Alexander Litvinenko, assim como em um hotel e em um restaurante japonês onde ele esteve antes de ficar doente (veja histórico ao lado). A polícia encontrou vestígios de polônio 210, um isótopo do metalóide radioativo polônio, também achado na urina do ex-agente.