O ex-espião russo Alexander Litvinenko, crítico do regime do presidente Vladimir Putin, pode ter sido envenenado por um "tálio radioativo", segundo relevou nesta terça-feira um especialista britânico em toxicologia, John Henry, que está tratando do ex-espião.
Em declarações à imprensa na entrada do hospital do University College, em cuja unidade de tratamento intensivo Litvinenko está internado em estado grave, Henry disse que os sintomas do paciente revelam que o envenenamento pode ter utilizado substâncias radioativas.
- O tálio é o de menos. A radioatividade parece mais importante - disse ele. - O tálio radioativo dá uma nova dimensão ao caso. Significa que há muitos riscos para sua medula óssea e que temos de ver como se recuperam suas células. É muito difícil tratar, porque é preciso confiar na resistência natural de seu corpo.
O especialista disse que poderá ser muito difícil seguir o rastro do tálio radioativo que pode ter sido usado no suposto atentado.
- Pode ser muito tarde. Se é um veneno radioativo com uma vida média de curta duração, ele pode ter desaparecido. O tálio radioativo se degrada muito rapidamente, de maneira que agora perdemos a oportunidade.
Henry explicou que o tálio radioativo é utilizado em hospitais, mas nunca em doses maciças, e disse que nunca tinha visto um caso de envenenamento por tálio pior do que este.
Ao ser perguntado como o veneno pode ter sido administrado, Henry assinalou que os venenos podem ser "engolidos, injetados ou inalados".
- Neste caso, seus sintomas são gastrintestinais, assim é provável que ele tenha engolido algo que estava envenenado - disse.
Segundo a mídia britânica, Litvinenko, ex-agente do Serviço Federal de Segurança (o substituto da KGB soviética) que está refugiado na Grã-Bretanha desde 2000, está sob custódia policial.
A investigação do suposto envenenamento está a cargo da Scotland Yard.
O ex-espião caiu doente no último dia 1º, depois de ter se reunido com Mario Scaramella, um professor universitário italiano com bons contatos no mundo da espionagem, em um restaurante japonês no centro de Londres, segundo a imprensa britânica.
Ao que parece, Scaramella dera ao ex-espião nomes de pessoas que poderiam estar envolvidas no assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, que Litvinenko investigava.
O Serviço de Espionagem Externa (SVR) da Rússia negou qualquer implicação no suposto atentado contra o ex-espião.