Telão em shopping center honconguês dá a notícia de que Edward Snowden deixou Hong Kong rumo a Moscou, na Rússia| Foto: Bobby Yip/Reuters

Personagem

Assange, precursor de vazamentos, vive em embaixada há um ano

Minutos antes de o avião da Aeroflot tocar a pista em Moscou, a direção do Wikileaks revelou em nota que ajudou Edward Snowden, o novo inimigo número um de Washington, a fugir em segurança de Hong Kong.

É uma vitória simbólica, mas a organização ainda luta por um desfecho semelhante para seu fundador, Julian Assange.

Na última quarta-feira, ele completou um ano confinado na embaixada do Equador em Londres. Numa rara entrevista, admitiu ter pouca esperança de conseguir deixar o prédio e circular em liberdade num futuro próximo. Assange ganhou as manchetes internacionais em 2010 ao comandar o vazamento de milhões de documentos confidenciais do governo, da diplomacia e das Forças Armadas dos Estados Unidos.

Os papéis levantaram suspeitas de crimes de guerra e deixaram a superpotência tão exposta como agora, quando Snowden denunciou o mega esquema de espionagem em telefones e na internet.

O confinamento do ciberativista começou em 19 de junho de 2012, quando ele driblou a polícia britânica e se refugiou na embaixada equatoriana, um elegante prédio vizinho à loja de departamentos Harrods.

O Reino Unido estava prestes a deportá-lo para a Suécia, onde ele é acusado de cometer crimes sexuais. Assange e o Wikileaks dizem que o caso é um pretexto para entregá-lo aos EUA, onde ele seria condenado à prisão perpétua por revelar segredos de guerra.

Na semana passada, o chanceler equatoriano Ricardo Patiño veio a Londres para tentar convencer o governo britânico a deixar seu hóspede sair da embaixada e embarcar num voo para Quito. A resposta foi negativa: se ele pisar na rua, será imediatamente preso e deportado para a Suécia. "Não houve nenhum progresso substantivo na negociação", resumiu em nota o Ministério das Relações Exteriores britânico.

Folhapress

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Brasão na embaixada do Equador, em Moscou
Jornalistas esperam Snowden no aeroporto de Moscou
Segurança caminha na área de partidas em Hong Kong
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O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, informou ontem que o ex-consultor americano da CIA, Edward Snowden, acusado de espionagem por Washington, pediu asilo político a seu país.

"O governo do Equador recebeu a solicitação de asilo por parte de Edward Snowden", afirmou o chanceler em sua conta no Twitter, sem dar maiores detalhes.

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Kristinn Hrafnsson, porta-voz do Wikileaks, confirmou o pedido de asilo.

Mais cedo, o grupo, que está dando suporte à Snowden, disse em comunicado que o ex-funcionário "está seguindo para uma nação democrática através de uma rota segura para efeitos de asilo e está sendo escoltado por diplomatas e assessores jurídicos do Wikileaks".

Na noite de sábado, Snowden saiu de Hong Kong e foi para a Rússia em um voo comercial. Segundo as últimas informações, ele aguarda na área internacional do aeroporto de Moscou para seguir viagem rumo a um terceiro país.

O embaixador equatoriano na Rússia, Patricio Zavala, esteve no aeroporto de Moscou no momento da chegada de Snowden, mas não revelou aos jornalistas se iria conversar com o ex-técnico da CIA.

O Equador concedeu asilo político a Julian Assange, fundador do site Wikileaks, que vive há cerca de um ano na embaixada do país em Londres.

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Roubo

Autoridades norte-americanas acusaram Snowden com roubo de propriedade do governo dos EUA, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e de comunicação intencional de dados de inteligência confidenciais a uma pessoa não autorizada, com as duas últimas acusações relacionadas à Lei de Espionagem dos EUA.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou no sábado que irá pedir a cooperação das autoridades judiciárias dos países para os quais o ex-consultor poderia se dirigir.

A porta-voz do Depar­tamento de Justiça americano, Nanda Chitre, informou que Snowden deixou Hong Kong "para um terceiro país", apesar do pedido de extradição apresentado pelos Estados Unidos, e que seu país buscará a "cooperação judicial com outros países para onde Snowden pode tentar buscar refúgio".

"Os documentos fornecidos pelo governo dos EUA não cumprem integralmente os requisitos legais sob a lei de Hong Kong. Não há base legal para impedir o senhor Snowden de sair do país", disse o governo de Hong Kong em nota. Ainda de acordo com o comunicado, Snowden deixou Hong Kong "por sua própria vontade, através de um canal legal e normal."

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Medidas

O diretor da NSA, general Keith Alexander, anunciou ainda ontem a implantação de novas medidas de segurança para impedir o vazamento de informações. "Colocamos em prática medidas que possibilitarão vigiar nossos administradores de sistemas, o que fazem, de que se ocupam", declarou Alexander à ABC.

EUA cancelam passaporte de Snowden

Agência Estado

Edward Snowden, ex-fun­cionário terceirizado da Agência Nacional de Segurança dos EUA, teve seu passaporte cancelado, segundo uma autoridade do governo norte-americano. Snowden revelou a existência de programas secretos de vigilância mantidos pela administração do presidente Barack Obama.

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Segundo o funcionário do governo, que pediu para não ser identificado, o passaporte foi cancelado antes de Snowden deixar Hong Kong com destino à Rússia. Ele disse, no entanto, que isso não é necessariamente um impedimento para que Snowden leve adiante seu plano. Ele deixou Hong Kong e chegou ontem a Moscou pouco depois de os EUA emitirem um pedido por sua extradição.