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Guardas do tribunal de crimes de guerra da ONU retiraram do plenário o ex-comandante militar servo-bósnio Ratko Mladic, que reagiu aos gritos à leitura das acusações pelo juiz nesta segunda-feira.

Mladic já havia ameaçado boicotar a audiência, a segunda desde que foi preso e extraditado da Sérvia para Haia (Holanda) em maio. O réu acabou comparecendo, mas passou vários minutos exigindo novos advogados e pleiteando um adiamento na etapa em que deveria se declarar culpado ou inocente. Proibido de usar seu boné, também se queixou do frio.

O juiz Alphons Ourie rejeitou a solicitação de adiamento. Sobre a troca dos advogados, o magistrado afirmou que vai analisar a possibilidade de que os profissionais solicitados por Mladic, um sérvio e um russo, substituam nas próximas audiências o advogado nomeado pela corte para defender o bósnio.

Quando Ourie informou que, sem uma declaração expressa do réu, constaria no processo que ele se declarou inocente após a leitura das acusações, o ex-militar de 69 anos gritou: "Não, não, não! Não me leia isso, nem uma só palavra".

Mas Ourie continuou, alertando que Mladic seria retirado se interrompesse outra vez. A primeira acusação lida foi a de genocídio.

"Não, não, não vou ouvir isso sem o meu advogado", gritou Mladic, retirando o fone de tradução. "Vocês não são um tribunal. Quem são vocês? Vocês não estão me deixando respirar."

O juiz então suspendeu a sessão, isolando-a da plateia, e a retomou minutos depois, com o banco dos réus vazio. Leu então as demais acusações -- são 11 no total --, fazendo constar formalmente que o réu se declarava inocente de todas elas.

Mladic é acusado pelo cerco de 43 meses a Sarajevo, na década de 1990, e pelo massacre de 8.000 homens e meninos muçulmanos em Srebrenica -- o pior massacre na Europa desde a 2a Guerra Mundial.

O ex-general foi representado no tribunal pelo advogado Aleksandar Aleksic, que havia sido nomeado pela corte. Aleksic solicitou o adiamento da declaração de culpa ou inocência e disse que preferia se afastar caso Mladic não o queira como advogado.

Mladic pede para ser defendido pelo advogado militar Milos Saljic, de Belgrado, e pelo jurista russo Alexander Mezyaev.

Preso em 26 de maio, após 16 anos foragido, Mladic, ao ser formalmente acusado em 3 de junho, qualificou as acusações contra si como "absurdas" e "monstruosas".

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