
Confrontos nas ruas começaram nesta segunda-feira no momento em que o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, retornava ao tribunal para enfrentar acusações de matar manifestantes, o primeiro líder árabe a ser julgado desde que as insurgências populares começaram a se espalhar pelo Oriente Médio.
O helicóptero pousou perto do tribunal e em seguida, Mubarak, de 83 anos e doente, vestido com um casaco esportivo, foi levado em uma maca para sua jaula dentro do tribunal para a segunda sessão de seu julgamento.
Centenas de policiais mantiveram guarda, mas os confrontos irromperam em frente ao prédio entre uma multidão de simpatizantes de Mubarak e um grupo pedindo justiça pelos mortos na insurgência que derrubou o ex-líder há seis meses.
"O ladrão chegou!", gritaram os manifestantes anti-Mubarak, enquanto seus simpatizantes respondiam com mais barulho.
"Juiz acorde! Mubarak matou meus irmãos! Execute o assassino!", gritavam outros.
A multidão pró-Mubarak atirava pedras e o cordão de isolamento que separava os dois lados se rompeu, e simpatizantes de Mubarak perseguiram seus opositores para longe do prédio.
Em um tribunal lotado com advogados ansiosos, Mubarak parecia estar contido e austero, as mãos unidas sobre o peito. Uma agulha intravenosa estava implantada em sua mão esquerda. Ele não estava usando as roupas brancas exigidas normalmente para os presos.
Ele trocou algumas palavras com seus filhos Alaa e Gamal, que também estão sendo julgados e estavam dentro da mesma jaula que o pai.
O juiz Ahmed Refaat chamou o nome de Mubarak e ele respondeu "presente". Refaat pediu calma, ordenando que eles sentassem para permitir o início do processo.
A audiência pode decidir se o chefe do conselho militar que atualmente governa o país prestará depoimento.
Advogados da defesa dizem que qualquer testemunho do marechal Mohamed Hussein Tantawi sobre o papel de Mubarak em tentar reprimir o protesto de 18 dias, em que 850 pessoas morreram, poderia definir o destino do ex-presidente.
Tantawi, que foi ministro da Defesa durante duas décadas sob Mubarak, lidera o conselho militar que assumiu o poder no país quando Mubarak foi deposto em 11 de fevereiro por protestos massivos.