
Haia, Holanda - O tribunal de crimes de guerra da ex-Iugoslávia afirmou ontem que o julgamento do ex-líder sérvio Radovan Karadzic continuará como agendado apesar de sua intenção de não comparecer ao dia de abertura do julgamento na próxima semana. "No momento não há indicação de que o procedimento não irá seguir conforme o agendado. O controle dos procedimentos do tribunal está nas mãos dos juízes do tribunal", afirmou a representante do tribunal Nerma Jalacic em comunicado.
Karadzic argumentou não estar recebendo um julgamento justo por não ter tido tempo suficiente para uma boa preparação. Ele ameaçou não comparecer ao início do julgamento na segunda-feira, dia 26 de outubro.
Em uma carta divulgada ontem, o ex-líder bósnio escreveu: "O maior, mais complexo, importante e sensível caso já julgado neste tribunal está prestes a começar sem ter havido uma preparação apropriada".
Não está claro se Karadzij pretende pretende se ausentar apenas do início do julgamento ou se planeja um boicote mais longo. Em 2007, Charles Taylor, acusado de atrocidades em Serra Leoa, se recusou a comparecer ao julgamento, atrasando os trabalhos por meses
O "carniceiro de Belgrado", como ficou conhecido, está defendendo a sim mesmo. Se ele se recusar a comparecer ao tribunal, os juízes podem apontar um advogado para defendê-lo mesmo à revelia do réu. Se o boicote persistir, Karadzij permanece em sua cela no centro de detenção em Haia.
Histórico
Karadzic possui 11 acusações de genocídio e crimes de guerra por planejar atrocidades durante a Guerra da Bósnia (1992-95), em que morreram 100 mil pessoas. Ele é acusado de orquestrar vários crimes, dentre os quais o massacre de 8 mil muçulmanos em Srebrenica que estava sob proteção da ONU.



