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Andrey Medvedev, um ex-mercenário do Grupo Wagner que havia pedido asilo na Noruega e acusado o grupo paramilitar de cometer crimes de guerra na Ucrânia, foi detido pela polícia norueguesa nesta sexta-feira (22) enquanto supostamente tentava atravessar a fronteira para retornar à Rússia.
A prisão ocorreu na cidade de Grense Jakobselv, no norte da Noruega, de acordo com informações do jornal local The Barents Observer e autoridades de segurança norueguesas.
Poucas horas antes de sua detenção, Medvedev havia comunicado a um repórter do mesmo jornal sua intenção de retornar à Rússia, alegando que temia ser extraditado para a Ucrânia e que se "sentiria mais seguro em seu país de origem".
A travessia da fronteira da Noruega com a Rússia só é permitida em determinados pontos.
Medvedev conseguiu chegar na Noruega em janeiro deste ano após conseguir cruzar a fronteira entre o país e a Rússia em um ponto altamente vigiado na península russa de Kola. Dias após sua chegada, ele expressou sua disposição para testemunhar contra o falecido chefe do Wagner, Yevgeny Prigozhin.
O advogado de Medvedev, Brynjulf Risnes, disse à Agência Reuters que sua prisão ocorreu devido a um mal-entendido.
"Ele estava lá para ver se conseguia encontrar o lugar de onde cruzou [em janeiro para a Noruega]. Ele foi parado quando estava em um táxi. Ele nunca esteve perto da fronteira. Nunca foi sua intenção cruzar a fronteira [ de volta para a Rússia]", disse Risnes.
O ex-mercenário deixou suas posições de combate logo após o término de seu contrato de quatro meses com o Grupo Wagner em 6 de julho de 2022.
Após sua chegada à Noruega, Medvedev fez declarações à organização russa Gulagu.net, que denuncia violações dos direitos humanos nas prisões russas, onde acusou o Grupo Wagner de usar seus membros como "bucha de canhão" e de assassinar aqueles que se recusavam a lutar na linha de frente da guerra que ocorre em solo ucraniano.
Em maio, Medvedev já havia anunciado seu desejo de retornar à Rússia, afirmando que tinha esperanças de “encontrar paz e tranquilidade na Noruega”, mas que não havia conseguido se “adaptar no país”.