Dois ex-ministros britânicos propuseram nesta quarta-feira uma votação secreta para decidir se o primeiro-ministro Gordon Brown deve liderar o Partido Trabalhista na eleição que ocorrerá no máximo em junho.
Um porta-voz de Brown disse que ele está "relaxado e levando o trabalho adiante", e vários ministros garantiram que o primeiro-ministro mantém o apoio do gabinete.
"Ninguém deve exagerar na reação", disse o secretário de Negócios, Peter Mandelson. "O primeiro-ministro continua a ter o apoio dos seus colegas. Devemos levar as questões de governo normalmente."
Mas a carta dos ex-ministros Geoff Hoon e Patricia Hewitt traz à tona um descontentamento há tempos latente contra a liderança de Brown, a poucos meses de uma eleição na qual a oposição conservadora é favorita. Faltam exatamente quatro meses para a data mais provável para o pleito - 6 de maio.
Os parlamentares trabalhistas não têm poder de forçar uma eleição interna, e o regimento partidário não prevê a votação secreta. Mas a notícia fez a libra cair 0,3 por cento frente ao dólar.
A carta também surpreende muitos analistas, que consideram tarde para substituir Brown antes da eleição, ainda mais quando os trabalhistas começam a recuperar terreno nas pesquisas. Não há um sucessor óbvio para Brown dentro do partido.
"Muitos colegas têm expressado sua frustração com a forma pela qual esta questão (da liderança) está afetando nosso desempenho político", disseram Hoon e Hewitt na carta endereçada à bancada parlamentar.
"Chegamos, portanto, à conclusão de que a única forma de resolver esta questão seria permitir que cada membro expressasse sua opinião em um voto secreto."
Os dois parlamentares já ocuparam vários cargos no governo. Hewitt planejava não disputar a próxima eleição, e não está claro que influência a dupla tem entre parlamentares trabalhistas que não estejam entre os críticos tradicionais de Brown.
Enquanto uma nevasca excepcional cobria o Parlamento, personalidades trabalhistas diziam que o desafio a Brown não deve ganhar impulso e logo irá derreter.
"Não é o que a bancada do Partido Trabalhista quer, nem francamente o que o público britânico quer", disse Tony Lloyd, chefe da bancada, à TV BBC.
Brown foi ministro das finanças durante uma década sob o governo de Tony Blair, a quem substituiu em meados de 2007. Críticos dizem que lhe falta carisma, e sua popularidade tem sido afetada pela prolongada recessão e pela sangrenta campanha militar no Afeganistão.
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