O ex-oficial das forças nazistas SS Heinrich Boere, de 90 anos, foi preso nesta quinta-feira (15), ao final dos recursos contra sua condenação à prisão perpétua, imposta há um ano pelo assassinato de três sobreviventes do nazismo na Holanda.

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O condenado ingressou no hospital penitenciário de uma prisão da Renânia do Norte-Vestfália, no oeste da Alemanha, informaram fontes da procuradoria de Aachen nesta quinta-feira (15).

Boere, que na década de 1950 foi condenado à morte à revelia na Holanda e viveu durante décadas sem problemas na Alemanha, residia em um asilo de idosos em Aachen, desde que recebeu sua sentença em março de 2010.

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Uma equipe de legistas decidiu que ele está em condições de cumprir a pena, mesmo sofrendo de doenças cardíacas, por isso foi finalmente transferido para a prisão.

A sentença na Alemanha foi o fim de um longo processo contra este ex-integrante das SS, confesso executor de membros da resistência, e chega com 64 anos de atraso em relação a essas mortes e 61 anos em relação à primeira condenação na Holanda.

Boere ouviu de cadeira de rodas a leitura da sentença, pela qual se declarava provado que ele, um dos 15 membros do comando Feldmeijer, criado para eliminar os membros da resistência, executou três civis em 1944.

O réu tinha então 22 anos e havia ingressado nas SS com 18, por "puro fanatismo e convicção", de acordo com suas declarações.

A tarefa do Feldmeijer era buscar em suas casas e assassinar suspeitos de pertencer à resistência. Sua forma de atuação consistia em bater na porta das casas, conferir a identidade dos procurados e matá-los a tiros.

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O processo diz respeito a três, das cerca de 50 execuções que Boere cometeu, as quais três filhos de duas de suas vítimas participaram como parte da acusação particular.

Nascido em 1921 em Eschweiler (a 100 quilômetros da fronteira com a Holanda), Boere foi preso pelos aliados antes do fim da Segunda Guerra Mundial e já nesses interrogatórios confessou ser o autor dessas mortes.

Em 1947, fugiu do campo de prisioneiros e permaneceu sete anos escondido na Holanda, coincidindo com o julgamento em que foi condenado à morte - pena depois substituída pela prisão perpétua.

Após anos na clandestinidade, voltou à Alemanha, e a partir de 1945 viveu tranquilamente em sua cidade natal, sem esconder que tinha participado das SS.

Em 2000, o Escritório Central sobre os Crimes do Nazismo abriu uma investigação contra Boere, e as acusações foram lidas no mesmo asilo onde residia até hoje.

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Em 2009, foi aberto outro processo em Aachen, paralelamente ao ocorrido em Munique contra o ucraniano John Demjanjuk, extraditado dos Estados Unidos em maio desse ano após esgotarem todos os recursos judiciais.

O julgamento de Demjanjuk terminou no início deste ano com a condenação a cinco anos de prisão pelas mortes de 28 mil judeus no campo de concentração de Sobibor, na Polônia.

Assim como Demjanjuk, Boere ouviu a sentença em cadeira de rodas, mas foi liberado logo em seguida pela idade avançada.

O caça-nazistas Efraim Zuroff, do Centro Simon Wiesenthal de Jerusalém, lançou nesta quarta-feira (14) em Berlim a chamada "Operação Última Chance 2", após denunciar que, segundo suas estimativas, centenas continuam livres.

Zuroff disse que entre abril de 2010 e março de 2011, foram abertos no mundo todo 584 processos contra nazistas. Na lista dos mais procurados está Alois Brunner, estreito colaborador de Adolf Eichmann, assim como o médico Aribert Heim.

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