O ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de 67 anos, uma das figuras mais influentes do país, morreu após ser baleado durante um discurso de campanha nesta sexta-feira (08), no oeste do Japão, conforme anunciaram autoridades do hospital.
Os policiais detiveram o suspeito, Tetsuya Yamagami, de cerca de quarenta anos, que teria dado dois tiros de fuzil. A emissora japonesa NHK informou que o suspeito serviu na Força de Autodefesa Marítima por três anos na década de 2000.
Abe estava nos primeiros minutos de discurso quando foi atingido. Ele foi levado de helicóptero para um hospital, onde chegou sem sinais vitais.
O chefe do departamento de emergência da Universidade Médica de Nara, Hidetada Fukushima, disse que Abe sofreu grandes danos ao coração, além de dois ferimentos no pescoço que danificaram uma artéria, causando forte sangramento.
O crime aconteceu onde existem algumas das leis de controle de armas mais rígidas. O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e seus ministros retornaram às pressas a Tóquio, interrompendo os eventos de campanha.
“Eu uso as palavras mais duras para condenar (o ato)”, disse Kishida, enquanto lutava para controlar as emoções. Ele disse que o governo planeja revisar a situação de segurança, mas acrescentou que Abe tinha a maior proteção possível. "É um ato bárbaro em plena campanha eleitoral, que é a base da democracia. É absolutamente imperdoável", completou o atual premiê.
Abe esteve no poder de 2012 até 2020
Shinzo Abe foi primeiro-ministro do Japão de 26 de dezembro de 2012 a 16 de setembro de 2020, quando renunciou ao cargo por motivos de saúde. Abe conduziu a política do país por quatro mandatos consecutivos.
Quando renunciou ao cargo de primeiro-ministro, o político disse que teve uma recorrência de colite ulcerativa, doença de que sofria desde a adolescência. Ele disse aos repórteres na época que era “doloroso” deixar muitos de seus objetivos inacabados.
Mundo lamenta o assassinato
Durante uma reunião do G20 na ilha indonésia de Bali, ministros e diplomatas lamentam o crime. "Nossos pensamentos, nossas orações estão com ele, com sua família, com o povo do Japão", disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. "Este é um momento muito, muito triste. E estamos aguardando notícias do Japão".
A Casa Branca também se manifestou. "Estamos monitorando de perto os relatórios e mantendo nossos pensamentos com sua família e o povo do Japão", disse o porta-voz.
O presidente de Taiwan, Tsai Ing-Wen, condenou o assassinato. "Acredito que todos estão tão surpresos e tristes quanto eu. Taiwan e Japão são países democráticos com estado de direito. Em nome do meu governo, gostaria de condenar severamente atos violentos e ilegais", declarou.
Emmanuel Macron, presidente da França, tuitou que estava “profundamente chocado com o odioso ataque”. Ele prestou se referiu a Abe como “um grande primeiro-ministro” e disse que “a França está ao lado do povo japonês”.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que Abe era um dos "amigos" mais próximos da Austrália e um “gigante no cenário mundial”, acrescentando que “seu legado foi de impacto global, profundo e positivo para a Austrália. Ele fará muita falta".