A ex-primeira-ministra de Bangladesh Sheikh Hasina foi acusada nesta quarta-feira de envolvimento em um assassinato, em meio a rumores de que o Governo provisório vem forçando o exílio das duas principais lideranças políticas do país, em estado de sítio há três meses. Hasina, que está visitando os EUA, foi acusada junto a outros 45 líderes e militantes da aliança que lidera, a Liga Awami, da morte de seis pessoas, na onda de violência que tomou Bangladesh em 28 de outubro de 2006, data que marcou o fim do Governo anterior.
Na ausência de Hasina, foram apresentadas duas acusações contra ela: a cumplicidade em um assassinato, que já tem audiência marcada para o dia 22, e uma denúncia de extorsão apresentada por um empresário que a Polícia começou a investigar nesta terça-feira.
Após a divulgação da denúncia, fontes de seu partido afirmaram que Hasina havia decidido encurtar a viagem, e retornar ao país para se defender da acusação. Na ocasião, a ex-primeira-ministra teria obrigado um empresário local a pagar US$ 450 mil para obter a aprovação de um projeto elétrico, em 1998, quando ela estava no Poder.
Uma prima de Hasina, membro do conselho diretor da Liga Awami, disse que a parlamentar retornaria ao país no próximo dia 14, ao invés do final do mês, como havia previsto inicialmente, informou hoje o jornal "The Daily Star".
Hasina e os 45 membros da Liga, formada por 14 partidos, foram acusados da morte de seis ativistas da formação Jamaat-e-Islami, aliada do Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP), em 28 de outubro de 2006.
Na ocasião, o Governo liderado pela grande rival política de Hasina, Khaleda Zia, líder do BNP, terminou suas funções, e deveria realizar a cerimônia de transferência para um Governo interino neutro, encarregado de organizar eleições no prazo constitucional de três meses.
A eterna rivalidade entre Zia e Hasina impediu que o evento fosse celebrado, e transferiu às ruas um combate incessante, que tirou a vida de dezenas de pessoas e levou o presidente Iajuddin Ahmed a declarar estado de sítio em 11 de janeiro deste ano, além de cancelar as eleições previstas para onze dias depois.
Um Executivo provisório, designado pelo presidente e amparado pelo Exército, iniciou a atual campanha contra a corrupção em Bangladesh, que levou à detenção do filho mais velho de Zia, o parlamentar Tarique Rahman, processado por extorsão.
As normas do Estado de sítio incluem a realização de julgamentos rápidos, e a proibição de qualquer atividade política, o que mantém praticamente sem forças tanto Zia quanto Hasina.
Um alto funcionário da BNP citado hoje pelo The Daily Star disse que Zia havia aceitado ir para o exílio, com apenas uma ressalva: a de que toda a sua família lhe acompanhasse, incluindo o filho detido.
No entanto, acrescentou a fonte, a última primeira-ministra bangladeshiana mudou de idéia, e decidiu enfrentar as acusações, apesar de estar consciente de que sofrerá mais pressões.
Neste ambiente político, representantes diplomáticos da União Européia e dos Estados Unidos em Bangladesh se mostraram preocupados pela demora na convocação de um novo pleito, após a Comissão Eleitoral anunciar há seis dias que precisa de pelo menos um ano e meio para preparar uma nova eleição.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas