Primeiro-ministro interino do Iraque até abril, o xiïta moderado Iyad Allawi disse em entrevista ao jornal britânico "The Observer" que a violação de direitos humanos atualmente no país "é igual ou pior" que no regime do ex-ditador Saddam Hussein. -Estão fazendo o mesmo que nos tempos de Saddam ou até pior - disse ele, que chefiou o governo interino por quase um ano.
Segundo Allawi, para quem a brutalidade das forças de segurança é igual à da antiga polícia secreta de Saddam, a comparação não é exagerada:
- Estamos vendo as mesmas coisas que um dia nos motivaram a lutar contra Saddam - afirma ele, que acusa a administração do premier Ibrahim Jaafari, eleito em janeiro para o governo do qual não faz parte o partido de Allawi de conivência com os abusos.
- Há polícia secreta e bunkers onde presos são interrogados, e onde muitos iraquianos são torturados e mortos - denunciou. - Há tribunais regidos pela lei islâmica, que estão julgando e executando pessoas - acrescentou.
As declarações de Allawi que foi um grande aliado da coalizão liderada pelos Estados Unidos que derrubou o ex-ditador, coincidem com as informações de que Washington estaria preparando a retirada de até 40 mil soldados ano que vem, quando se supõe que as forças iraquianas poderiam tomar o controle da segurança.
O ex-premier alertou também para o "risco de uma retirada militar precipitada, já que o Iraque é a chave da região e, se as coisas vão mal, nem Europa nem EUA estão a salvo".
Na opinião dele, devem ser tomadas medidas urgentes para desmantelar as milícias que atuam impunemente.Tropas americanas descobriram recentemente um centro de detenção administrado pelo Ministério do Interior que supostamente torturava presos, o que causou comoção internacional e pôs em questão a legitimidade do governo iraquiano.
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