Paris - O ex-primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, atacou ontem o atual presidente, Nicolas Sarkozy no início de um julgamento sobre calúnia. "Eu estou aqui por causa de um homem: Nicolas Sarkozy", disse Villepin antes de tomar seu lugar no banco dos réus. Ele sugeriu que Sarkozy está usando o julgamento como arma política.
Sarkozy afirma que Villepin esteve por trás da campanha de difamação para tentar impedir sua tentativa de concorrer à presidência em 2007. Sarkozy é uma dos 40 pessoas que movem a ação, que também vai apurar dados sobre antigos acordos sobre armamentos, contas bancárias no exterior e as indústrias de aviação e defesa francesas.
A história teve início em 2004, quando tanto Sarkozy quanto Villepin lideravam as expectativas dos conservadores para suceder o então presidente Jacques Chirac.
O caso começou com uma misteriosa lista de nomes de clientes que teriam contas secretas em uma sociedade financeira de Luxemburgo, dentre eles o próprio Sarkozy e outros importantes políticos e empresários franceses.
Villepin recebeu a lista e pediu a um general aposentado que investigasse o caso. A lista era falsa, mas já estava circulando em meios políticos e legais do país. Suspeita-se que o documento tenha sido fabricado para desprestigiar algumas pessoas, ao associá-las com comissões ilegais de uma venda de barcos a Taiwan no começo dos anos 90.
"Eu sairei livre e limpo (do processo)", disse Villepin antes do início do julgamento. Segundo ele, "minha batalha não é uma batalha pessoal. É uma batalha de todos aqueles que são vítimas do abuso de poder".
O advogado de Sarkozy reclamou do fato de que Villepin havia feito um "insulto" ao sistema judiciário por sugerir que ele não era neutro e que havia sido influenciado pelo presidente.