O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, que estava em prisão domiciliar desde abril, foi enviado durante a noite para Haia, na Holanda, onde será julgado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade. Ele chegou à Holanda nesta quarta-feira de manhã.
A corte mundial abriu investigação no mês passado sobre mortes, estupros e outros abusos cometidos durante os quatro meses de conflito desencadeados na Costa do Marfim pela recusa de Gbagbo de ceder o poder ao oposicionista Alassane Ouattara, vencedor da eleição presidencial do ano passado.
O porta-voz do TPI, Fadi el Abdallah, disse que Gbagbo compareceria nos próximos dias pela primeira vez em uma audiência no tribunal, quando será informado de seus direitos e das acusações contra si.
O momento da transferência dele para Haia é delicado já que no dia 11 de dezembro haverá eleições parlamentares na Costa do Marfim, as quais estão sendo boicotadas por seu partido em protesto contra o tratamento dado às autoridades presas por causa do conflito.
Assessores de Gbagbo dizem que o TPI representa a "justiça dos vencedores" e acusam a corte de ser tendenciosa em relação a Ouattara, um ex-executivo do Fundo Monetário Internacional que chegou ao poder com o apoio de soldados da França que ajudaram a derrubar Gbagbo, preso em 11 de abril.
Tanto o TPI como o governo de Ouattara tentaram manter em sigilo a transfer6encia de Gbagbo para Haia para evitar o risco de distúrbios no país.
Ele foi levado de helicóptero na terça-feira da remota cidade de Korhogo, no norte, onde estava sob prisão domiciliar, e colocado em um avião para Roterdã, onde chegou nesta quarta-feira de manhã.
Gbagbo será o primeiro ex-chefe de Estado a ser julgado pelo TPI desde 2002