O ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter chegou a Cuba hoje para discutir políticas econômicas e formas de melhorar as relações entre Washington e Havana, mais tensas do que o normal por causa da prisão de um fornecedor norte-americano na ilha.
Carter deveria se encontrar com líderes judeus logo depois que chegar ao país, o que sugere que sua visita tem como objetivo, pelo menos em parte, tratar do caso de Alan Gross, detido em dezembro de 2009 quando trabalhava para a empresa Development Alternatives num projeto para fomentar a democracia, apoiado pela Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid, na sigla em inglês).
Gross disse que tentava melhorar o acesso da pequena comunidade judaica cubana à internet. Líderes judaicos cubanos negaram, porém, ter trabalhado com ele. Gross foi condenado a 15 anos de prisão no início deste mês.
Durante sua visita, Carter deve se reunir com o presidente Raúl Castro, com outros funcionários do governo e com o cardeal católico Jaime Ortega, antes de partir na quarta-feira. O jornal estatal Granma relatou a visita hoje e chamou Carter de um "distinto visitante". A viagem foi organizada pelo Centro Carter uma ONG fundada pelo ex-presidente, e não é uma missão oficial norte-americana.
Ainda assim, a família de Gross expressou esperança de que Carter possa ajudar no caso. "Se ele conseguir ajudar Alan de alguma forma enquanto estiver lá, seremos extremamente gratos", disse a mulher de Gross, Judy E. Gross, em comunicado divulgado no final de semana. "Nossa família está desesperada pelo retorno de Alan para casa, depois de quase 16 meses na prisão. Continuamos a rezar e a esperar que as autoridades cubanas o libertem imediatamente por razões humanitária".
Cuba considera Gross um mercenário a trabalho de um programa pago por Washington cujo objetivo é derrubar o sistema socialista cubano e o apresentou como uma evidência das intenções norte-americanas de dar início a uma "guerra cibernética" para desestabilizar a ilha. Ele foi condenado por crimes contra o Estado por levar equipamentos de telecomunicação ilegais para Cuba. Autoridades norte-americanas dizem que nenhuma reaproximação entre os inimigos da Guerra Fria é possível enquanto Gross permanecer preso.
A presidência de Carter (1977-1981) coincidiu com o período menos frio das relações entre Estados Unidos e Cuba desde que Fidel Castro liderou seus rebeldes e tomou o poder em 1959.
Não há relações diplomáticas entre os dois países desde a década de 1960 e os Estados Unidos mantém sanções econômicas e financeiras contra a ilha.
Carter visitou Cuba em maio de 2002, durante um tour de seis dias, nos quais ele se reuniu com o então presidente Fidel Castro e criticou o embargo de Washington e a falta de pluralidade política na ilha.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião