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O ex-presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, durante a posse do seu sucessor, Santiago Peña, em agosto do ano passado
O ex-presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez, durante a posse do seu sucessor, Santiago Peña, em agosto do ano passado| Foto: EFE/Christian Alvarenga

Dois promotores acusaram nesta segunda-feira (11) o ex-presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez (2018-2023) e vários de seus ex-funcionários pelos supostos crimes de revelar segredos de serviço, induzir um subordinado a cometer ato punível e falsa declaração, entre outros, informou o Ministério Público (MP).

A acusação foi feita como parte de uma investigação aberta após denúncia apresentada em julho de 2023 pelo ex-presidente Horacio Cartes, antecessor de Abdo Benítez, que se declarou vítima desde 2018 de uma suposta “perseguição por pessoas no exercício do poder político” e depois ampliou sua acusação fazendo um alerta sobre uma suposta “revelação de segredos de serviço” e de um plano elaborado a partir de órgãos do governo.

“Durante parte de seu mandato, Benítez [2021 a 2022] teria desenvolvido um esquema que visava gerar investigações criminais contra figuras que se opunham ao seu movimento dentro do Partido Colorado [Horacio Cartes e seu afilhado político, o atual presidente Santiago Peña], a fim de enfraquecê-los nas esferas política, econômica e principalmente eleitoral”, disse em comunicado o MP.

“Para atingir esse objetivo, Abdo Benítez teria composto seu gabinete de ministros com pessoas com experiência no campo da investigação [ex-promotores do MP]”, acrescenta o texto.

A acusação foi apresentada pelos promotores Aldo Cantero Colmán e Giovanni Grisetti “depois de ter elementos de convicção suficientes para suspeitar da existência dos atos puníveis” de divulgação de segredos de serviço, divulgação de segredos privados por funcionários ou pessoas com obrigações especiais, induzir um subordinado a cometer um ato punível, falsa denúncia, simulação de um ato punível, usurpação de funções públicas e associação criminosa.

As acusações também incluem o ex-ministro do Interior Arnaldo Giuzzio, o ex-chefe da Secretaria Nacional Anticorrupção (Senac) René Fernández e seu ex-colega da Secretaria de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Bens (Seprelad) Carlos Adolfo Arregui e a ex-vice-ministra desta pasta Carmen Pereira, além de três outros ex-funcionários.

Também foi acusado o ex-secretário particular de Benítez e atual deputado do partido governista, Mauricio Espínola.

“Levando em consideração que várias formalidades e outros procedimentos ainda estão pendentes, considera-se necessário um período de seis meses para apresentar requerimento conclusivo contra cada um dos acusados”, ressaltou o MP.

Ao apresentar a denúncia em julho de 2023, Pedro Ovelar, advogado de Cartes, denunciou que “mentiras” foram criadas para enganar Brasil e Estados Unidos, o que levou a processos e sanções contra o ex-presidente e suas empresas.

Cartes - que derrotou Benítez nas primárias do partido governista e é o atual presidente do Partido Colorado - foi acusado de suposta corrupção pelos EUA, que vetou a entrada dele e de seus filhos no país.

Posteriormente, Washington aplicou sanções financeiras contra o ex-presidente e várias de suas empresas, o que levou a um processo de reestruturação do Grupo Cartes, que deixou de operar como marca em março do ano passado.

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