
Néstor Kirchner foi eleito presidente da Argentina em 2003, embora muitos argentinos tenham ouvido seu nome pela primeira vez a apenas poucas semanas das eleições que o levaram à Casa Rosada. Seus quatro anos de governo foram marcados por mudanças políticas e sociais no país, como a renovação da Suprema Corte e o estreitamento de laços com o Brasil e os demais países da América Latina. Mas o principal feito do líder peronista foi a recuperação econômica argentina.
Kirchner sucedeu Eduardo Duhalde na Presidência. O país enfrentava as consequências da crise econômica iniciada em 2001, decorrente do calote da dívida argentina e das sucessivas alterações no comando do país. O novo presidente manteve o ministro da Economia de seu antecessor, Roberto Lavagna, e também sua política econômica, priorizando a desvalorização da moeda com a compra de divisas pelo Banco Central e a elevação das exportações. O resultado foi um crescimento econômico com taxas próximas a 10% do Produto Interno Bruto (PIB).
Dívidas
A relação do governo de Néstor Kirchner com o Fundo Monetário Internacional foi conflituosa, embora ele tenha decidido antecipar o pagamento da totalidade da dívida com o organismo internacional (mais de US$ 10 bilhões). Assim, apesar das declarações públicas, o governo de Kirchner foi o que mais pagou dívidas ao FMI em toda a história argentina.
Embora seus críticos argumentem que o relativo sucesso econômico do país foi fruto mais do cenário internacional favorável e da base de comparação ruim dos anos anteriores do que dos méritos do governo, a Argentina obteve níveis de crescimento elevado a partir de 2003. Para seus opositores, a recuperação econômica não poderia se manter não fosse a queda do poder de compra do salário mínimo.
Mas nem tudo foi sucesso na gestão do peronista. Durante seu governo, o Clarín e o La Nación, principais jornais do país, foram acusados de perseguir e de promover campanhas contra o governo. "Não posso falar pelo jornal, mas o clima geral no país é de imenso pesar", diz Walter Curia, jornalista do Clarín, ao preferir não comentar o embate de Kirchner com a imprensa.
Néstor Kirchner também comprou briga com produtores rurais e parte do empresariado, mas conseguiu eleger sua esposa, Cristina, para o comando do país em 2007.