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O ex-bilionário que durante anos foi o preso mais famoso da Rússia lançou nesta quinta-feira (24) uma forte crítica contra o presidente Vladimir Putin. Numa conferência na capital ucraniana, Mikhail Khodorkovsky disse que Putin está agindo "de forma pequena" e vingativa em relação à crise no país. Para Khodorkovsky, o líder do Kremlin não aceita o levante popular ucraniano e muitos russos estão contra ele.

"Nenhum ditador, por mais forte que seja, pode nos transformar em inimigos", disse o empresário da extinta petroleira Yukos, anistiado pelo próprio Putin após dez anos de prisão por acusações de fraude, apropriação indébita e evasão fiscal.

A Yukos faliu sob o primeiro governo de Putin e as ações de Khodorkovsky, que chegou a ser uma das pessoas mais ricas do mundo, segundo a revista Forbes, foram congeladas em 2003. A Anistia Internacional considerou Khodorkovsky um prisioneiro de consciência e pediu que as acusações contra ele fossem retiradas. O empresário passou por dois julgamentos controversos e foi anistiado em 2013. Ele vive em Kiev desde que foi libertado.

Na conferência, que discutia a necessidade de reaproximação entre Rússia e Ucrânia, Khodorkovsky disse que grandes mudanças estão em jogo para a Rússia e que os "sonhos mais loucos hoje podem se tornar realidade amanhã". O evento juntou alguns dos maiores críticos e pensadores do Kremlin.

Em Moscou, um outro inimigo de Putin teve a sua prisão domiciliar estendida. O blogueiro Alexei Navalny teve a detenção prorrogada por mais seis meses. Apontado como o maior opositor dos últimos anos na Rússia, ele enfrenta uma série de acusações que envolvem fraude, lavagem de dinheiro e difamação.

Foram novas acusações de fraude que levaram Navalny ao tribunal nesta quinta-feira (24). Ele já havia sido condenado a cinco anos de prisão, com suspensão condicional da pena em 2013, por apropriação indébita. Segundo o novo processo, ele e seu irmão, Oleg, ex-executivo dos Correios da Rússia, são acusados de desviar 27 milhões de rublos (R$ 1,68 milhão) de duas empresas e de lavar a maior parte do dinheiro. Ele nega ambas as acusações.

Navalny está em prisão domiciliar por conta da acusação de que estaria recorrendo a telefone e redes sociais para continuar falando com seus partidários, mesmo impedido pela justiça de se comunicar. A promotoria pedia sua detenção em uma cadeia, mas o juiz negou, sob o argumento de que poderiam causar protestos e de que as acusações eram pouco conclusivas. Segundo o advogado de Navalny, Vadim Kobziev, as postagens do político nas redes é feita por simpatizantes. Em vez disso, o juiz decidiu prorrogar em mais seis meses a detenção domiciliar.

Em primeira decisão nesta quinta (24), um tribunal de Moscou considerou Navalny culpado de "atentar contra a reputação" de Serguei Neverov, vice-presidente da Câmara baixa do Parlamento. Ele publicou na internet documentos sobre bens imobiliários de Neverov que, segundo ele, não foram declarados. Navalny foi condenado a desmentir publicamente estas informações. Na terça (22), ele havia sido condenado a pagar multa por difamação.

Navalny é considerado atualmente um dos maiores opositores ao governo de Vladimir Putin. Nos protestos de 2011 e 2012, popularizou-se pelas acusações e críticas a uma suposta corrupção no Kremlin. Em votações pela internet, ele havia sido considerado a figura mais importante da oposição e foi o segundo colocado em prévias para a prefeitura de Moscou. Putin nega que esteja reprimindo a oposição e que tenha qualquer interferência no sistema de justiça.

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