O ex- primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, deve lançar seu manifesto eleitoral na tarde deste domingo, enquanto as pesquisas de opinião mostram que seu partido de esquerda, Syriza, está empatado com os rivais conservadores da Nova Democracia, duas semanas antes das eleições no país.
O desafio de Tsipras é reviver o entusiasmo do eleitor com o seu partido, que falhou em cumprir a promessa de derrubar a dura política de austeridade fiscal exigida pelos credores da Grécia, enquanto esteve no governo, entre janeiro e agosto deste ano. O ex-primeiro-ministro assinou um pesado programa de resgate e contenção de despesas, antes de renunciar ao cargo de primeiro-ministro.
Em seu pronunciamento, que será feito durante uma feira de comércio internacional realizada em Tessalonica, espera-se que Tsipras prometa que, se eleito premier novamente, ele vai suavizar alguns dos aumentos de impostos e cortes de gastos acordados com outros governos da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional. Muitas das medidas de austeridade devem ter impactos sobre a população grega nos próximos meses.
Cinco diferentes pesquisas de opinião publicadas nos últimos dias mostram o Syriza e a Nova Democracia em um empate técnico, com pequenas margens de vantagem para ambos os partidos, dentro da margem de erro. “As pesquisas mostram um empate claro”, disse Nikos Marantzidis, um pesquisador e professor de ciência política na Universidade da Macedônia, no norte da Grécia. Tudo o que está claro é que nenhum dos dois grandes partidos vai ganhar uma maioria absoluta no parlamento, de modo que será necessário um governo de coalizão, disse ele.
Quando Tsipras pediu demissão no final de agosto para provocar eleições antecipadas, o sentimento generalizado na Grécia foi que o partido de esquerda venceria confortavelmente. Mas recentemente, o chefe do partido Nova Democracia, Evangelos Meimarakis, parece ter chances de bater Tsipras e surpreendentemente, ocupar o cargo de primeiro-ministro. A popularidade do Syriza nas pesquisas caiu desde a cisão do partido no mês passado, após alguns membros se declararem contra a assinatura do acordo de resgate, e formarem um novo partido anti-austeridade.
Os dois partidos dizem que querem desfazer-se da imposição de um imposto sobre valor agregado de 23% no ensino privado, uma das medidas acordadas por ambas as partes menos de um mês atrás, como parte do acordo de resgate. O Nova Democracia também prometeu que não vai votar para acabar com regalias do imposto de renda para os agricultores, uma das medidas que o país tem para aprovar nos próximos meses em troca de empréstimos de resgate.
O Syriza agora diz que está comprometido com apenas nove projetos de privatização, em vez de 23 que o país se comprometeu a realizar até ao final de 2017. Qualquer que seja o vencedor na eleição de 20 de setembro, a expectativa de que haja uma coalizão com o centrista Para Potami (O Rio) ou partido de centro-esquerda Pasok, ou ambos.