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Shamsud-Din Jabbar

Veterano militar no Afeganistão, inspirado no ISIS: quem é o autor do ataque em Nova Orleans

O suspeito de atacar uma multidão com uma caminhonete Ford na Bourbon Street, em Nova Orleans, na madrugada da quarta-feira (1º), deixando 15 mortos e pelo menos 35 feridos, foi identificado como Shamsud-Din Jabbar, de 42 anos (Foto: EFE/EPA/SHAWN FINK)

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O homem que atacou uma multidão com uma caminhonete Ford na Bourbon Street, em Nova Orleans, na madrugada da quarta-feira (1º), deixando 15 mortos e pelo menos 35 feridos, foi identificado como Shamsud-Din Jabbar, de 42 anos. Morto em confronto com a polícia, logo após o ataque, ele era nascido nos Estados Unidos, integrou o Exército do país – tendo inclusive sido enviado ao Afeganistão –, estudou tecnologia da informação e havia se convertido ao islamismo.

O caso está sendo investigado como terrorismo, e agentes do FBI consideram que Jabbar pode ter tido ajuda no ataque. Horas antes de investir contra uma multidão com uma caminhonete, Jabbar postou um vídeo nas redes sociais, indicando ter se inspirado no Estado Islâmico (ISIS) e "expressando o desejo de matar", conforme relatou o presidente dos EUA, Joe Biden. A bandeira do ISIS estava hasteada no engate do veículo, e os investigadores encontraram armas e um explosivo potencial no interior da caminhonete. Uma varredura das autoridades na região também revelou mais dois dispositivos, que continham canos e pregos, escondidos em refrigeradores.

Depois dos atropelamentos, Jabbar contornou barricadas e saiu do veículo, um Ford F-150 Lightning que havia sido alugado por meio da plataforma Turo, confrontando a polícia com um rifle de assalto. Segundo as autoridades, ele atirou nos policiais, que atiraram de volta, matando-o.

Além do vídeo postado no dia do ataque, investigadores contam que Jabbar havia feito outras gravações enquanto dirigia do Texas para Louisiana, em um período noturno. Ele fazia referência ao seu divórcio e dizia que planejava inicialmente reunir sua família para uma "celebração" com a intenção de matá-los, informou o Wall Street Journal. Nos vídeos, Jabbar afirmava que mudou os planos e resolveu se juntar ao ISIS, fazendo referência a vários sonhos que teria tido sobre os motivos para integrar o grupo terrorista.

Nascido em Beaumont, no Texas, Jabbar serviu por mais de uma década no Exército dos EUA, segundo um porta-voz da instituição informou à CNN. Ele atuava como especialista em recursos humanos e em tecnologia da informação, de 2007 a 2015, e chegou a ser enviado ao Afeganistão entre fevereiro de 2009 e janeiro de 2010. De janeiro de 2015 a julho de 2020 ele integrou a Reserva do Exército, até que deixou o serviço militar, tendo alcançado o posto de sargento.

Em 2017, ele se formou como bacharel em Administração de Empresas em Sistemas de Informação de Computadores pela Universidade Estadual da Geórgia. Em um vídeo postado no YouTube em 2020, Jabbar se apresentava como corretor de imóveis profissional com atuação em Houston. De acordo com registros da Comissão Imobiliária do Texas, em 2019 ele obteve uma licença imobiliária, que expirou em 2023.

As autoridades identificaram Shamsud-Din Jabbar, 42 anos, cidadão norte-americano, como o autor do ataque que ocorreu por volta das 3h15, horário local (Foto: EFE/Escritório Nacional de Imprensa do FBI)

Conversão ao Islã

De acordo com o jornal americano New York Times, Jabbar havia se mudado para uma casa alugada em um bairro muçulmano em Houston, há cerca de um ano. Nesta quarta, o acesso ao bairro, incluindo a mesquita local, foi bloqueado para investigações do FBI. Um dos vizinhos disse ao Times que Jabbar era reservado e geralmente ficava dentro de casa.

O atual marido da primeira ex-esposa de Jabbar disse que não permitiam mais que ele visse as filhas, uma vez passou a agir de forma estranha nos últimos meses, “sendo todo louco, cortando o cabelo" depois de se converter ao Islã. O irmão dele, Abdur Jabbar, no entanto disse que apesar de terem sido criados como cristãos, o irmão havia se convertido há muito tempo. "Até onde eu sei, ele foi muçulmano durante a maior parte de sua vida”, declarou. Abdur também afirmou ter falado com o irmão há duas semanas. Na ocasião, ele não mencionou planos de ir a Nova Orleans.

Dois divórcios

Documentos judiciais obtidos pela CNN mostram que Jabbar se divorciou duas vezes. A primeira ex-esposa, com quem teve duas filhas (hoje com 15 e 20 anos), o processou em 2012 por pensão alimentícia, e o tribunal determinou que ele pagasse quantias proporcionais à sua renda.

Em 2020, um juiz do Texas concedeu uma ordem de restrição contra o homem a pedido de sua segunda ex, determinando que ele se abstivesse de ameaças, danos físicos ou comportamentos similares envolvendo a mulher e o filho deles, de 6 anos. No processo, ela afirmou que o casamento ficou "insuportável por causa da discórdia ou conflito de personalidades".

Em um e-mail em 2022, arquivado no processo do divórcio, ele relatou dificuldades financeiras, que envolviam uma hipoteca vencida de sua casa e dívidas com o cartão de crédito.

Jabbar também teve problemas com a Justiça, declarando-se culpado em diferentes ocasiões de roubo e contravenção e de dirigir sob influência de álcool. Esta última ocorrência lhe rendeu a suspensão da carteira de motorista e 12 meses de liberdade condicional, além de uma condenação a participar de um programa de reabilitação de álcool/drogas.

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