Exames no sangue de Slobodan Milosevic, realizados antes de ele ter sido encontrado morto no sábado, mostraram indícios de um remédio que anulava o efeito de medicamentos contra a pressão alta, afirmou um toxicologista holandês nesta segunda-feira. No mesmo dia, o governo da Rússia confirmou ter recebido carta em que o ex-presidente queixava-se de estar recebendo tratamento inadequado.
Donald Uges, da Universidade de Groningen, afirmou que exames de sangue feitos por ele em Milosevic há duas semanas indicaram traços de rifampicina - um remédio contra lepra e tuberculose que tornaria outros medicamentos ineficazes.
Milosevic, de 64 anos, sofria de problemas cardíacos e de pressão alta. Ele foi encontrado morto em sua cela no sábado, meses antes de um veredicto em seu julgamento por genocídio, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra nos anos 90.
Zdenko Tomanovic, advogado de Slobodan Milosevic constestou a versão de que o ex-presidente da Iugoslávia alterou deliberadamente sua medicação para provocar descrédito em relação ao tratamento médico que vinha recebendo e fazer com que fosse permitido que ele recebesse tratamento na Rússia.
A Rússia confirmou nesta segunda-feira ter recebido uma carta de Milosevic, na qual ele reclamava do tratamento recebido na prisão, dias antes de sua morte.
"Em carta escrita a mão, Slobodan Milosevic fala sobre tratamento inadequado por médicos do tribunal internacional de Haia e reitera seu pedido de apoio da Rússia para obter permissão de ser submetido a tratamento em uma clínica de Moscou", informou o Ministério das Relações Exteriores russo.
O ex-presidente será enterrado em Belgrado, capital da Sérvia, uma das nações que surgiram com o desmantelamento da Iugoslávia.