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As recentes disputas entre Venezuela e Guiana pelo controle da região de Essequibo e uma crise humanitária que atinge terras indígenas dos Yanomami, na Amazônia, levaram o Exército brasileiro a aumentar sua capacidade militar na fronteira, segundo revelou o general de infantaria da região, Ricardo Augusto Costa Neves, à agência Reuters.
“Os últimos acontecimentos perto da fronteira, nos nossos vizinhos ao norte, nos levaram a antecipar algumas ações que já tínhamos previstas”, disse Neves ao anunciar o acréscimo de 10% nas forças militares da região, o equivalente a dois mil novos soldados, somados ao 20 mil que já atuam no local.
De acordo com o comandante, o Exército determinou o aumento de presença na Terra Indígena Yanomami, um dos motivos da mobilização militar na fronteira. "Nós teremos dois pelotões especiais de fronteira naquela região”, acrescentou Costa Neves, em entrevista.
O reforço incluirá a criação de duas bases avançadas permanentemente implantadas dentro da reserva Yanomami, nos rios Uraricoera e Mucajaí, importantes vias de acesso dos garimpeiros que invadiram o território, disse ele. "Essas bases vão dar apoio logístico aos órgãos ambientais, indígenas e de saúde, além de reprimir atividades ilegais em uma zona de 150 quilômetros a partir da fronteira".
Outra justificativa para elevar as tropas é a crescente tensão entre Venezuela e Guiana pela área reivindicada de Essequibo, rica em petróleo. A situação já levou o Exército brasileiro a enviar mais soldados, carros blindados e artilharia para o Estado fronteiriço de Roraima, com a criação de um novo regimento.
“Nós estamos praticamente triplicando o tamanho da força militar nesse região. Já estava previsto no planejamento estratégico do Exército, estamos apenas antecipando, assim como o recebimento de material de artilharia. Todos esses mecanismos estavam previstos no nosso planejamento”, disse Costa Neves.
No sábado (10), o ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, denunciou uma movimentação militar da Venezuela próximo à fronteira no contexto da disputa territorial entre os dois países. De acordo com Todd, as ações do regime de Maduro têm um "padrão duplo" porque as imagens de satélite mostram uma presença militar venezuelana crescente perto da fronteira.
O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede nos Estados Unidos, divulgou várias imagens de satélite que revelam que Caracas estava expandindo sua base militar na ilha Ankoko e na área de Punta Barima, perto da Guiana.
Por outro lado, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, anunciou na quinta-feira (8) que planeja reestruturar as Forças de Defesa da Guiana (GDF), investindo em equipamentos com foco em tecnologia, ativos e colaboração com países aliados.