Sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em confrontos sectários no Líbano que se seguiram ao tenso funeral de um chefe da inteligência, assassinado na sexta-feira por um carro-bomba.
O Exército interveio com uma grande operação de segurança para conter a escalada de incidentes deflagrada pela morte de Wissam al Hassan, que para a oposição foi obra do regime sírio.
O atentado reacendeu o barril de pólvora das divisões político-sectárias e aumentou os temores de que a sangrenta guerra civil síria se alastre para o Líbano.
Numa ação incomum, o Exército decidiu intervir, deixando de lado o distanciamento que costuma manter em confrontos sectários para não colocar em risco sua coesão de força multissectária.
"O destino do país está em risco", alertou o comando do Exército em nota. "A tensão em algumas áreas está subindo a níveis sem precedentes. Não permitiremos que o Líbano seja novamente transformado em um campo de batalha de conflitos regionais."
O risco de que o país volte a mergulhar num conflito sectário de grande escala paira no ar desde o fim da guerra civil (1975-1990). A crise na Síria, país vizinho com velhos laços políticos e militares no Líbano, colocou nova lenha na fogueira.
Opositores sunitas, mesma confissão de Al Hassan, exigem a renúncia do governo dominado por grupos xiitas, aos quais acusam de conivência com os crimes do ditador sírio, Bashar Assad.
Inflamados pelos discursos no funeral de domingo, manifestantes tentaram invadir a sede do governo e entraram em choque com a polícia, que usou gás lacrimogêneo e atirou para o alto para dispersar o protesto. A violência piorou nas horas seguintes.
Após o atentado que matou Al Hassan, opositores cristãos e sunitas imediatamente acusaram o regime sírio, mas os protestos logo se voltaram para os seus aliados no Líbano, principalmente o xiita Hizbollah.
Os dois principais líderes políticos do país são o bilionário herdeiro sunita Saad Hariri, apoiado pelo Ocidente, e o xeque xiita Hassan Nasrallah, do Hizbollah, patrocinado por Síria e Irã.