A rebelião contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad, completa um ano nesta quinta-feira (15), dia marcado por novos avanços dos militares numa crise cada vez mais sangrenta e sem perspectiva de solução diplomática à vista. A imprensa oficial anunciou que as forças do governo expulsaram os "terroristas armados" da cidade de Idlib, no noroeste do país, e que partidários de Assad fariam manifestações em toda a Síria. Mas os adversários do regime não dão sinais de recuo, e houve relatos de continuados confrontos nas regiões ao redor de Idlib e de Homs, no centro do país, que recentemente passou semanas sob cerco militar. Em meio a sombrios alertas de que a Síria está mergulhando em uma guerra civil, o enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, pediu mais esclarecimentos a Damasco na sua resposta a uma proposta de paz levada por ele no fim de semana. A Síria diz ter reagido de forma "positiva" à abordagem de Annan, mas um diplomata ocidental de alto escalão na região afirmou à Reuters que Damasco, na prática, rejeitou as ideias de Annan. O enviado internacional deve se reportar nesta sexta-feira (16) ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, onde Rússia e China irritam as potências ocidentais por manterem o apoio a Assad, barrando qualquer iniciativa internacional para tentar conter o derramamento de sangue. A ONU estima que mais de 8 mil pessoas, a maioria civis, tenham morrido em um ano de confrontos. Cerca de 230 mil sírios foram deslocados das suas casas, sendo que 30 mil foram para o exterior, abrindo a possibilidade de uma crise de refugiados. A Turquia disse ter recebido mil cidadãos sírios nas últimas 24 horas, elevando o total registrado a cerca de 14 mil.
Com a aproximação do aniversário da rebelião, o Exército sírio pareceu intensificar sua ofensiva contra os redutos rebeldes, recuperando o controle de Homs e despachando tanques para Deraa, o berço da rebelião, no sul. Os militares também têm castigado Idlib com artilharia antes de enviar soldados para ocupar a cidade, um bastião do Exército Sírio Livre, uma desconjuntada coleção de militantes levemente armados sob o comando de militares desertores. "A segurança e a paz de espírito retornaram à cidade de Idlib depois de as autoridades limparem seus bairros dos grupos terroristas armados que vinham aterrorizando os cidadãos", disse a agência estatal de notícias Sana nesta quinta-feira. Mas o Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, afirmou que ainda há bolsões de resistência em Idlib. "O Exército tem o controle das principais ruas, mas não dos becos e ruas transversais", disse Rami Abdulrahman, cujas informações se baseiam em uma rede de moradores sírios. Por causa das restrições impostas pelo governo ao trabalho da imprensa e de entidades de direitos humanos, não é possível verificar de forma independente os relatos que chegam do país. A TV estatal anunciou uma "Marcha Global pela Síria" para homenagear as vítimas da rebelião. Uma multidão apareceu se reunindo numa praça central de Damasco. O governo atribui o caos no país a "terroristas" patrocinados pelo exterior e diz que 2 mil soldados e policiais já morreram no conflito. Primavera Árabe No começo de 2011, Assad previa, em tom confiante, que a Síria estaria imune às revoltas da Primavera Árabe, que acabariam por derrubar os governantes autocratas de Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen.
Mas, em 15 de março, algumas dezenas de manifestantes saíram às ruas de Damasco pedindo mais liberdades. Dias depois, houve distúrbios em Deraa, na fronteira com a Jordânia, em protesto à tortura a meninos da cidade apanhados fazendo pichações antigoverno. Um contato da Reuters em Deraa disse que a maioria das escolas e lojas na principal área comercial está de portas fechadas nesta quinta-feira e que centenas de soldados e policiais patrulham as ruas. Funcionários públicos estão recebendo ordens para participar de manifestações pró-regime, segundo moradores. Apesar da crise econômica em decorrência das sanções internacionais, Assad ainda parece gozar de apoio significativo dentro da Síria, especialmente nas duas maiores cidades, Damasco e Aleppo. Seu principal aliado, o Irã, também permanece firme ao lado do regime sírio. Mas o regime enfrenta um crescente isolamento internacional. Na quarta-feira, Arábia Saudita e Itália anunciaram a retirada dos seus embaixadores de Damasco.
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